Planeamento estratégico na Gestão: reflexão sobre a sua importância

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Vivemos numa sociedade dominada por organizações, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos – hospitais, escolas, igrejas, forças armadas, empresas, governo e organismo oficiais – nas quais as pessoas trabalham em conjunto, com vista à prossecução de objetivos que seriam impossíveis de atingir se estas mesmas trabalhassem isoladamente. De entre as organizações, a empresa é, sem dúvida, uma das mais importantes e com maiores repercussões nas nossas vidas. Contudo, nem todas as iniciativas empresariais culminam em sucesso. Na maior parte dos casos, a causa para o insucesso deve-se a uma má gestão. De facto, cada vez mais se reconhece que o fator mais significativo na determinação do desempenho e do êxito de qualquer organização é a qualidade da sua gestão.

De uma forma genérica e simples podemos conceituar gestão como o processo de se conseguir obter resultados (bens ou serviços) com a colaboração e esforços dos outros. Pressupõe assim a existência de uma organização, isto é, várias pessoas que desenvolvem uma atividade em conjunto para melhor atingirem os objetivos comuns.

Basicamente, a tarefa da gestão é interpretar os objetivos propostos e transformá-los em ação, através de quatro aspetos essenciais: planeamento, organização, direção e controlo.

A gestão, como outras áreas de conhecimento, tem evoluído ao longo do tempo, sendo certo que nos últimos anos se tem assistido a uma série de desenvolvimentos sem precedentes com o consequente enriquecimento desta temática e o benefício das organizações e, portanto, dos seus membros e da sociedade em geral.

Na verdade, a história completa da gestão teria de começar há uns bons séculos atrás, sendo que Moisés é muitas vezes apontado como um dos primeiros responsáveis por um grupo ou organização a tomar decisões que se enquadram no âmbito da gestão, ficando célebre pela sua sugestão de escolher dez colaboradores que por sua vez coordenariam cinquenta, os quais organizariam cem e estes, um militar, com vista a uma melhor estruturação do seu povo. Aliás, bastaria olharmos para as magníficas construções como as pirâmides no Egipto, os Jardins da Babilónia ou os templos gregos e romanos para concluirmos que já na Antiguidade teria sido atribuída à atividade relacionada com a coordenação das tarefas necessárias à sua concretização e desempenhadas por um elevado número de trabalhadores.

N a sequências destes considerandos acerca do conceito de gestão, focalizar-me-ia num dos aspetos mais prioritários na gestão: o planeamento estratégico.

Tal como os seres vivos, as empresas/organizações nascem, desenvolvem-se, atingem a sua maturidade e acabam por morrer. Somos assim induzidos a pensar que a primeira função a desenvolver em conceção é o planeamento, ou seja, de um modo geral a definição de planos quanto ao futuro da empresa/organização. É consensual na literatura que o planeamento é uma das primeiras funções no nascimento de uma empresa/organização e tende claramente a reduzir as incertezas (e os riscos) que caraterizam o seu ambiente, nomeadamente em tempos de grandes e constantes mudanças como aquele em que atualmente vivemos. Desta forma, salientaria que o planeamento consiste em determinar antecipadamente o que deve ser feito para que se atinjam os objetivos pretendidos, e como fazê-los. Ao nível do planeamento estratégico associado sobretudo à gestão de topo, este reveste-se de uma particular importância pois envolve de uma forma global toda a organização. Este visa antecipar o futuro da empresa/organização a longo prazo, envolvendo avultados ou mesmo a totalidade dos recursos disponíveis, afeta todas as atividades da empresa/organização e é crucial para o atingir sucesso.

Michael Porter, da Harvard Business School, defende que uma organização, para melhor competir num determinado mercado, deve decidir a sua estratégia- liderança pelo custo, diferenciação ou foco – com base no conhecimento da estrutura das várias modalidades de negócio em que a organização compete bem como na perfeita identificação dos clientes alvos.

O planeamento estratégico é essencialmente:

Saber o que queremos é uma coisa, mas como consegui-la? E mantê-la?

Concluiria esta reflexão mencionando as palavras proferidas de Tucídides, General espartano Brasida na História da Guerra do Peloponeso que alude acerca da explicação do seu plano de só enviar uma parte do seu exército para surpreender uma descuidada força ateniense:

“A pessoa com mais probabilidade de vencer é aquela que melhor vê este tipo de erro por parte do inimigo e que, consoante os seus recursos o permitem, lança um ataque – não abertamente e em formação, mas da maneira que for mais oportuna na situação atual. Porque estratagemas através dos quais podemos enganar especialmente o inimigo e beneficiar o mais possível os amigos são aqueles que têm melhor reputação.”