O tornado autárquico

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Bem sei, o PS ganhou as eleições autárquicas, no entanto, apesar dos esforços da agora menos arrogante Nomenklatura cor-de-rosa em disfarçar o engulho a atrofiar a farronca do Ali Babá (António Costa) de bazuca em punho a prometer sol na eira e chuva no nabal em simultâneo, leite e mel aos autarcas socialistas, a fim de os mesmos o derramarem a seu bel-prazer, só que os do Nordeste não cederam ao canto roufenho da sereia do frenético primeiro- -ministro possuidor de sondagens desprovidas de sebo, só tutano, a suscitarem-lhe suor na testa, azedume nos gorgomilos e prometimentos a esmo tal qual as leitoras das buenas dichas. E, os resultados puniram a estratégia seguida no Nordeste Transmontano, surpreendo-me apesar de não ser dado a fantasias, no entanto, a fúria do tornado provocou avultados estragos em todo o território nordestino com particular incidência nos até agora fortins socialistas em Miranda do Douro, Mogadouro e Vila Flor. Presumo que a novel Autarca mirandesa seja parente do António Barril com quem trabalhei na Biblioteca Itinerante, 46. Homem leal e estrénuo amigo do seu amigo do qual guardo profunda saudade e, no tocante a Vila Flor, lembro da argolada de Duarte Lima mexer pauzinhos de forma a encafuar Artur Vaz Pimentel no Hospital da Estefânia, o Arturinho acatou a decisão de Leonor Beleza, no entanto, concorreu à Câmara da sua terra Natal onde a sua família recebia a consideração da generalidade das pessoas. Ganhou e reganhou legando coriáceo paiol socialista até agora! A suculenta vitória laranjinha em Bragança não surpreendeu quem viu o debate promovido pela RTP, do mesmo modo os triunfos em Carrazeda de Ansiães e Vimioso. O turbilhão ventoso também rugiu em Freixo de Espada à Cinta, a desastrada política de uma senhora grávida de empáfia, convencida de ser a Dama querida da maioria dos conterrâneos do poeta das barbas patriarcais, propiciou cotoveladas a eito, por isso mesmo ganhou a cadeira de vereadora, veremos se a vai ocupar. O laranjal volta a florir perfumando o panorama político da Região em conúbio com o roseiral socialista de Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vinhais, já que Freixo acaba de aportar sem espinhos que a seu tempo irão aparecer. O Nordeste continua a ser tema da Divina Comédia, o Paraíso não passa de uma quimera (não de ouro, sim de especulação fantasista) tão do agrado das e dos ajudantes de ministros, o Purgatório persiste no envelhecimento populacional, na ausência de massa crítica dispersa por todos os concelhos e não concentrada no IPB cujo abraço de urso abafa criatividade, enquanto o Inferno garroteia através da inveja e maledicência a plena e pujante explosão do Húmus existente em inúmeras mentes ali nascidas e mantidas resistindo aos sons e tons da sineta da diáspora ora menos lúgubre e menos misteriosa e distante. Em política mandam as regras mais elementares do sentido da responsabilidade os fautores estrategas e operacionais envolvidos nos prélios eleitorais fracassados assumirem as ditas responsabilidades. Irá acontecer esta boa usança no distrito e concelhos nordestinos? A ver vamos. Estarei atento!

Armando Fernandes