O pírtigo

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Acredito piamente que as e os professores de ciências-agrárias, nestes tempos em a técnica surge em muitos relatórios referentes aos saberes de fecundar a terra e dela serem colhidos os frutos, à frente da ciência o pírtigo faça parte da arqueologia postergada para os arqueólogos elaborarem teses para a vidinha académica e segurar o assento profissional. Leitor empenhado de Terry Eaglaton, entendo a permanente funcionalidade dos utensílios de antanho, numa epistemologia abrangente retirando desse conceito saberes sobre os comportamentos e práticas do viver nas comunidades em plena fruição da ciência e da tecnologia como em devido tempo profetizou o sábio Aldous Huxley. Ora os malhadores eram exímios na colocação sincopada, cantada sonoramente nas espigas a debulhar sem ofender a cobiçada palha destinada a alimentar ruminantes, encher fronhas e colchões, fabricar colmos e beirados, enxergas cujo destino era incerto: amores escondidos, maleitas expostas para a mendicidade render mais, papel higiénico porcino na altura da matança e demais artes rústicas em voga até à quase desertificação do interior, sem esquecer o litoral das palhotas e demais construções como podemos perceber lendo os dicionários e corografias de ciências puras, aplicadas, históricas, sociais e agricultura. Ora, no mar encapelado da política nacional o Chefe, o vigilante apurado, António Costa ganhava honorabilidade se visionasse os filmes sobre as fainas agrícolas de Giacometti, no intuito de afinar o modelo de escolha dos futuros governantes através do movimento perfeito, ensarilhado, do pírtigo a bater a espiga. Se a curiosidade for intensa, pode recorrer aos ofícios de Berta Nunes, capataz da Federação local a fim de convencer o Senhor Gonçalves, dono e diligente operacional do restaurante Javali (parabéns pela distinção outorgada pelo Guia Michelin), o qual nas escassas horas vagas esculpe miniaturas em madeira, pedindo-lhe o favor de esculpir um malho (Santos Silva gosta de malhar na direita) cujo pírtigo o entusiasme a não se enganar nas escolhas, como se tem enganado repetidamente obrigando o Presidente Marcelo, Celinho, afirmou o humorista, a engrossar a voz à maneira de pai tirano dos filmes portugueses dos Silva e Vasco Santana castigavam os dislates do salazarismo através do riso para gozo de Leitão de Barros e Manuel Oliveira. O pírtigo é na minha modesta opinião o vigoroso antídoto contra os jecos vorazes, sem esquecer as mancebas marca Jamila Madeira e Cia, uns e outras em irmandade partidária no exercício de sugar na teta do Orçamento. Os professores clamam, as professoras esganiçam-se a pedir o respeito do governo, ficando em estado profunda agonia quando se lhes vem à cabeça a senhora que embolsou meio milhão de euros da falida TAP, também penso num pau de marmeleiro a sacudir a roupa dos membros da administração da empresa pública voadora porém suspendo o pensamento transferindo-o para Costa e Nuno Santos dupla de tomo à espera de áspero castigo nas próximas eleições legislativas, isto se emergir oposição de qualidade porque para já falta-lhe fibra à prova de água, inundações e torrentes. Pírtigo senhor Costa!

Armando Fernandes