O direito à Saúde

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Atento dentro do possível ao que se passa no palco da política nacional, de vez em quando, muito raro infelizmente, lá se ouve ou assiste a um gesto digno de reparo ou até mesmo merecedor de sincero aplauso. Refiro-me em concreto, ao caso recente do nosso ministro da saúde, Adalberto Campos Fernandes, que durante a abertura de uma reunião a que presidia, despiu as vestes de membro do Governo para envergar a roupagem simples de cidadão atento, isento e com invulgar desassombro, agradeceu a coragem de José Carlos Saldanha que em 2015, interrompeu uma sessão da comissão parlamentar de saúde para exigir do então ministro da saúde, Paulo Macedo, o tratamento que poria fim ao seu angustiado martírio e triste destino por ser portador do vírus da hepatite C, e em consequência estar sem perspectiva de cura. Foi um episódio marcante e emocionante que estou certo entrou em casa e no coração dos portugueses, mas que no momento deixou o ministro encurralado e sem fala, pois se bem me recordo não tugiu, nem mugiu!
O certo, é que a sua corajosa interrupção de trabalhos da comissão parlamentar de saúde, fez mossa e passados alguns dias após demoradas e complexas conversações com o competente representante de entidade farmacêutica produtora do milagroso remédio, onde pontuou com acerto e inteligência o presidente do Infarmed, Dr. Eurico Castro Alves, o tratamento estava autorizado. No final, foram 3.500 portugueses que se libertaram de um pesadelo e contas feitas, o país a poupar mais alguns milhões de euros e a cumprir o seu dever legal e moral de defender e prestar os cuidados de saúde às suas populações.
São exemplos desta natureza que não podem ficar esquecidos no tempo, revestem-se de uma pedagogia que a todos deve chegar e afinal, mostrar como perante momentos críticos e difíceis, os homens reagem  distintamente, o que os leva a ocupar diferentes lugares na história.

José Pavão