Sondagem recente da confiável Universidade Católica coloca o PS à beira da maioria absoluta, com 43 % das intenções de voto, enquanto o PSD, com apenas 30%, resvala, aflitivamente, para o seu mínimo histórico.
Bem mais distanciados, ainda assim, surgem o BE, com 8%, e o CDS-PP e a CDU, que apenas recolhem desmoralizadores 6%, cada.
Quanto às duas principais personalidades políticas ficamos a saber que Marcelo Rebelo de Sousa recolhe impressionantes 97% de avaliações positivas e António Costa 81%.
É certo que sondagens há muitas e com propósitos diversos, muitas vezes bem divertidos, até. Umas são feitas no ar para previsão meteorológica, outras são líquidas e muitas são subterrâneas como certos estudos de opinião eleitoral que os políticos depreciam quando não lhes são favoráveis ou não tanto assim se lhes agradam.
Não é de admirar, portanto, que esta sondagem da Universidade Católica tenha deixado Jerónimo de Sousa aos pinotes e António Costa com indisfarçável sorriso de orelha a orelha, não sendo difícil adivinhar porquê.
É evidente que a maioria absoluta do PS ditará o fim da “geringonça” sem apelo nem agravo, não havendo santo de esquerda que lhe valha, por melhores intenções que o BE e o PCP professem. Basta imaginar uma Assembleia da República com o PS sem necessidade de fazer cedências ao BE e ao PCP.
Naturalmente, ao Presidente da República não se percebeu qualquer reacção pública ou privada. A sua popularidade é verdadeiramente comovente o que nos leva a admitir que está a assumir a postura política mais acertada. Ainda que já haja quem diga, sobretudo do lado do PSD, que Marcelo Rebelo de Sousa se está a esticar demais na bênção de Costa e da “geringonça”, fazendo lembrar uma popular figura da monarquia, o Infante D. Afonso, irmão mais novo do rei Carlos I, que anedoticamente ficou conhecido pelo “Arreda”, porque corria pelas ruas de Lisboa, na sua primitiva viatura, gritando «Arreda, Arreda!», procurando que as pessoas saíssem do caminho.
No presente é o primeiro-ministro que vai ao volante mas é o Presidente da República que, sentado a seu lado, vai gritando «Arreda, Arreda!», tendo Catarina Martins e Jerónimo de Sousa como embevecidos companheiros no banco de trás da maravilhosa “geringonça”. Um quadro digno de Rafael Bordalo Pinheiro, sem dúvida.
Ironia à parte, em meu entender o Presidente Marcelo joga claramente no sucesso do Governo da “geringonça” para bem de Portugal, eventualmente por pensar que tal sucesso, traduzido na maioria absoluta do PS, fará com que a “geringonça” se desconchave sem tragédia.
Depois, só com o PS e PSD fortalecidos e purificados, se poderá concertar a reforma do Regime e do Estado que por bem se deseja.
Esperemos que o Presidente da República esteja certo e que a “geringonça” não acabe por atropelar as multidões indefesas e distraídas.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.