Minuto e Meio

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A dor de cabeça actual para a grande parte dos políticos da velha cartilha, que assolou a gestão pública nas últimas décadas, é que hoje é cada vez mais difícil enganar os cidadãos com o ardil argumentativo de sempre. Está muito difícil para estes agentes de publicidade enganosa. Na verdade, as técnicas dessa velha cartilha utilizadas para convencer as pessoas, foram-se desmoronando, cada vez mais, grandemente com a ajuda das redes sociais e de vários e novos intervenientes políticos. Todos esses velhos políticos estão agora em rápido declínio, por raramente terem falado verdade, por mentiras descaradas, por viverem em mundos paralelos, em constantes intrigas internas de comadres, por ausência de verdadeira inteligência, por serem inócuos em ideias e ainda mais vazios a executar algo que fosse realmente bom para as pessoas. Falta de rumo, muito egocentrismo e oportunismo raso. Fazem parte do clube dos chamados “grandes partidos” (mais uma mentira) que agora, em congressos políticos têm o hábito de desfolhar o velho álbum de família e apreciar a herança com saudosismo. Não passam disso. Não passarão. No fundo, esses espécimes políticos (alguns…, muitos, com licenciaturas de plástico…), na sua maioria sem um curriculum ou a experiência de uma vida profissional minimamente relevante, aguardaram e julgaram que o mero decurso do tempo e dos ciclos políticos sempre traria uma rotatividade dualista no poder. Como se não fosse necessário trabalhar. “Coitados”. “Coitados” pela impo- tência de já não conseguirem lidar com a realidade, pois agora têm nas mãos os megaproblemas insuflados com décadas de incompetência e desdém: Dívida pública de 100% do PIB, Despovoamento e Demografia caduca, Segurança Social com rastilho curto, Habitação em falta sufocante, Justiça lenta e ineficaz, Autoridade do Estado falida, Infraestruturas e despesismo desnecessário, Agricultura e Território desprezados, Saúde em decadência, Cultura e Educação com agenda ideológica, e tudo o mais que vemos em todo o lado, todos os dias há muito muito tempo. Chegados aqui, cai o pano. E esses políticos - géneros do passado (seja em idade, estilo, técnica, discurso ou postura) – tornaram-se vítimas da sua própria condição e ignomínia. Dificilmente conseguirão sobreviver às dificuldades dos novos tempos políticos e das reais surpresas que aí vêm. Mas só se podem queixar deles próprios e não dos eleitores. Agora, todos os novos actores do palanque político, mesmo que não venham a ser muito diferentes dos antigos, pelo menos são outros. E só isso já é uma grande novidade. Não deixa de ser cómico e trágico que este clímax de opróbrio político seja atingido precisamente na linha do meio século do 25 de Abril e da advinda democracia que tem neste irónico cenário um luminoso festejo. Mas nem tudo é mau, pois resta-nos ainda uma fortuna nacional que não advém de petróleo, gás ou recursos minerais valiosos (que não temos) e muito menos desses políticos expirados: o facto de Portugal ser um país sereno, intrinsecamente apto para o Turismo, com potencial agrícola, culturalmente atrativo e com relativa se- gurança e paz face ao contexto de guerra e conflito que se vive no mundo. Como diz um amigo meu alemão que vive cá: “a sorte de Portugal é não ter nada estratégico”.

Telmo Cadavez