Por muitas razões vivemos um período de estridente incerteza. Incertezas de contexto e críticas. Vários estudos e de diferentes opiniões referem as dúvidas a planarem na atmosfera relativas à política mundial e europeia, acerca do papel dos Estados e tutti-quanti em matéria de hipóteses referentes ao ano de 2017.
Nós por cá quedamo-nos a assistir a cómicas cenas ao modo da guerra do Alecrim e da Manjerona, pensar dá trabalho e o trabalho dá saúde, logo um qualquer membro da Confraria do badalo dira: que trabalhem os doentes, que pensem os outros. E, no entanto, todos nós pensamos, os anexins o comprovam.
O ano está a findar, o consumismo aguça o engenho na arte de todos consumirmos mais, daí a necessidade de cada qual pensar no quanto possui ou pode gastar na quadra natalícia e afins, as janeiras ainda contam.
Ora, em Janeiro (Jano das duas faces – o passado e o futuro – primeiro mês do calendário juliano e gregoriano) vamos receber novas e maus mandados do aumento de «cousas» as quais tocam a todos, razão da acuidade «no poupar está o ganho», nós acusados de esbanjadores, relapsos à dita poupança, sempre trémulos no momento de pagar, devíamos tentar averiguar como vamos suportar os custos do viver no futuro.
Assim, na incerteza da coesão europeia importa pensar na saída ou saídas alternativas no conspecto regional num quadro de fragilidade económica e acentuada quebra demográfica comum a todos os territórios de baixa densidade. Está a Comissão de Coordenação, as Comunidades Intermunicipais e Autarquias a preparar respostas a contento?
Não querendo «pintar» quadros negros coloco a incerteza apenas numa certeza: a perda de população é evidente apontando os estudiosos fora da propaganda a necessidade de recebermos centenas de milhares de homens e mulheres a fim de refazermos as reservas populacionais no desejo de Portugal enquanto Estado não acabar nos Atlas e Compêndios como Nação perdida daqui a algumas dezenas de anos.
Nesse pressuposto pergunto se existe um plano de contingência a dizer-nos o número de centenas de milhares de emigrantes-imigrantes a serem deslocados para o Nordeste, termos de referência, datas de início de «acantonamento» dos vindos do Médio Oriente, África e outras paragens, medidas de inclusão social, cultural, espiritual e profissional.
Em breve irromperá a campanha eleitoral destinada a escolher os futuros governantes locais, para lá dos ridículos e raivosos azedumes e birras de gente sem o sentido da medida convém perguntar aos candidatos tudo quanto nos interessa relativamente ao futuro a iniciar-se ontem.
Sem nás ou nefas é imperioso saímos da incerteza crítica do modelo territorial, cabeças políticas dizem assim, outras preferem o assado, as titubeantes um misto de frito e gralhado, chegou a altura azada para ouvirmos as ideias dos interessados de todas as quadraturas em geral e dos desejosos de ocuparem as dadeiras municipais em particular no elucidarem ante tão momentoso problema. Ou não há tal problema?
Incerteza crítica é a respeitante às inserções: estratégia de inserção com flexibilidade? Estratégia de inserção nos domínios da complementaridade sem perda de autoridade política? Estratégia de concorrência com os concelhos vizinhos de forma clara e não dissimulada como já aconteceu?
Acredito que estas interrogações sejam consideradas impertinentes, só goste-se ou não velozes mudanças ocorrem em Portugal, tão velozes quanto visíveis a ponto de não lhe concedermos atenção ou apreço, tal como fazemos o contínuo girar da Terra a motivar graçolas e remoques a Galileu. E, ela move-se…
Seria estultícia da minha parte elencar exemplos de mudança, também não fico espantado se algum leitor encolher os ombros murmurando não lhe interessar cogitar sobre o futuro, a morte é certa, quem cá ficar que o rape, rematando a murmuração.
Não podemos estranhar este tipo de posicionamento numa sociedade ou «era do vazio», eivada de cínicos mesmo sendo ascetas de costas voltadas à criatividade social, às dinâmicas de participação colectiva defendendo a memória expressa nos vigamentos culturais do passado num movimento tendente a perpetuar a nossa ancestralidade.
As campanhas eleitorais nos fins últimos é a conquista do poder dê lá por onde der, antes de chegar à cuspi-te da propaganda seria conveniente, pedagógico, ouvir os candidatos dissertarem e discutirem as certezas que os animam, os projectos em carteira, as medidas a tomar de imediato e a médio prazo se foram bem-sucedidos na empreitada. A ver vamos.
Armando Fernandes
Apostilha. O Bloco de Esquerda voltou a imitar os meninos mal-educados ao os seus deputados terem ficado sentados no final do discurso de Filipe VI. Era convidado de Portugal.
Também Passos Coelho revelou falta de chá (toma-se em pequeno) ao não participar ou fazer-se representar na celebração do 1.º de Dezembro, em Lisboa. Depois admiram-se das intenções de voto nas sondagens!
Incertezas Críticas
Armando Fernandes