EM MEU NOME, NÃO!

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Marcelo Rebelo de Sousa, o nosso Presidente, foi,
nessa qualidade, ao Brasil participar nas comemorações dos 200 anos da independência daquele país. Foi, segundo o próprio, em representação do povo português. De todo o povo e, portanto, quer eu quer o leitor estivemos lá, por interposta pessoa. No que me toca, fiquei incomodado
ao sentir-me representado numa tribuna em que bandeira brasileira estava adulterada. O tradicional
globo azul tinha perdido as estrelas (representativas dos estados federais) e apresentando a imagem de um feto onde o lema “ORDEM E PROGRESSO” dera lugar ao slogan bolsonarista “BRASIL SEM ABORTO, BRASIL SEM DROGAS”.
Fiquei incomodado, mas Marcelo não.
Sorridente aplaude não o presidente da “Nação Irmã” mas o candidato que transformou as comemorações num comício de autoelogio com referências de mau gosto à sua virilidade. Justificou a sua presença dizendo ser institucional. O que é estranho pois foi numa visita institucional recente que foi destratado.
Marcelo Rebelo de Sousa é o Presidente de todos os portugueses e, nessa condição, não pode deixar-se manipular por quem o convida e logo desconvida para depois o arrastar para uma ação de campanha travesti- da de comemoração nacional, ao serviço de um candidato pouco escrupuloso.
Enquanto Marcelo presidenciava por terras de Vera Cruz o Primeiro Ministro presenteava-nos com um discurso estranho e descabido. Costa veio à televisão informar que a Lei da atualização das reformas ia ser contornada neste e no próximo ano, como primeiro passo para a sua alteração porque a ser aplicada “prejudicaria” o futuro da Segurança Social. Pois é, mas não o sendo... prejudica o futuro de todos os reformados (a prazo, todos nós, se lá chegarmos!). Ora, entre os portugueses e os cofres do governo... a opção de Costa foi clara. Com a agravante de que a Lei foi feita precisamente para proteger os contribuintes mais frágeis de decisões
como a que o Governo acaba de tomar.
E se, nunca foi usada antes é porque não foi necessário. Agora que é, não se usa? Muda-se? Imagine-se que as companhias de seguro adotavam a lógica primo-ministerial? Os contra- tos eram válidos enquanto eu não houvesse qualquer sinistro. Tudo iria bem e se o segurado fosse bem com- portado recebia prémios e bónus. Quando houvesse um azar, a companhia ale- gando prejuízos futuros incomportáveis, alterava os termos do acordo!
Esta rábula governamental é agravada por dois as- petos:
- A subtração permanente, a partir de 2024, de uma parcela devida por lei, aos pensionistas, é feita usando um subterfúgio enganador que pretende fazer passar por bónus um suposto “adiantamento” que mais não é que uma cortina sobre os perversos intentos de Costa e Medina
- A artimanha, de puro ilusionismo, é feita para
iludir e prejudicar os cidadãos menos informados e, igualmente, os que menos poder reivindicativo possuem!
António Costa é o chefe do Governo de todos
os portugueses e, nessa condição, não pode manipular os recursos públicos à margem da Lei, nem esta pode ficar refém da maioria absoluta.
José Mário Leite