Vezes se conta, na feliz infância impressionista de ouvir homens e mulheres em Lagarelhos, falarem de actos a extravasarem furor anti-opressão da ditadura salazarista a perdurar no meu imaginário é o do empertigamento toado em uníssono pelas mulheres concentradas no lavadouro situado na entrada, logo saída da aldeia. E, que cantaram devotadamente ao modo de hino em honra do orago protector da localidade? Cantaram já não há homens em Edral, já não há homens em Edral, já… A triste e indignada toada protestava contra a anomia varonil por ausência de audácia enérgica contra uma patrulha da GNR ocupada na prisão e retirada de um conterrâneo para Vinhais. Os gritos femininos das mães, esposas e irmãs, quais émulas de Antígona obrigaram os timoratos jecos de Edral depois do toque dos sinos a rebate a desarmarem a patrulha da canhota repressora jungindo-a e obrigando-a a lavrar durante algum tempo. A reacção salazarista foi impiedosa, porém ficou para a História o inusitado feito. Ora, nos dias correntes prevalece o tédio anestesiante a manietar a generalidade dos portugueses ante as extravagâncias e dislates governamentais onde se mistura o amiguismo, o forrobodó partidário, a prevalência da mulher de César em detrimento do ser em vez do ter, do sentido da decência nas nomeações a estilo da Porca de Rafael Bordalo Pinheiro, do respeito de forma a manter-se o, orgulho por nós próprios. Não defendo, nem aprecio o desforço estúpido da violência, defendo e aprecio o protesto cívico dos cidadãos a clamarem através da palavra, da escrita, do castigo nas urnas de um governo eivado de protecção aos detentores do cartão partidário. Ora, o conformismo reina no reino do outrora incisivo senão, não, porque o não exige esforço indignado de quem fica agoniado com o triunfo dos beneficiados com as grossas migalhas da mesa do Orçamento já a ser negociado ao ritmo da pataca «a mim, pataca a ti». As sondagens são sondagens dirão os membros da Confraria do badalo, no entanto, demonstram quão enorme é a vantagem socialista nas intenções de voto a conceder-me argumentos justificativos da amargura contida nesta crónica. Vou continuar a criticar a sonolência do eleitorado independente, dos votantes verdadeiramente livres na real/realidade pois ao longo dos anos de democracia sempre assim procedi ao vislumbrar sinais de desleixo, deixa andar, de Maria vai com as outras, a amofinarem a Democracia com o consequente engordar do bicho-carpinteiro das Instituições. A preguiça é má conselheira e provoca maus resultados! Os músicos da filarmónica socialista tem executado primorosamente as canções de embalar o povo português, agora ambiciona mudar de estatuto, ser considerada orquestra de cruzeiros de viagens de esquecimento, só que o hino dorme, dorme meu menino, que a Mãezinha logo vem, foi lavar os cueirinhos à fontinha de Belém, transformou-se em monumental lençol de caca devido ao oferecimento da Câmara de Lisboa à embaixada russa de dados de opositores de Putin. As desculpas proferidas por Medina acentuam o grotesco da insólita oferta. Depois admira-se do aproveitamento político. Queria o quê?