Deus, para muitos, seja que deus for, nada mais é que um fetiche e a religião, qualquer que seja, sortilégio ou pura imaginação. Assim é que muitos olham deus, seja que deus for, com desdém, e outros apenas procuram na religião, seja que religião seja, um meio de alcançar algum tipo de benefício: curas, sucessos sociais, ganhos económicos ou mesmo políticos. Ainda assim, os mais fervorosos seguidores de Jesus Cristo encaram as boas práticas cristãs como o melhor caminho para refrigerar as agruras da vida e alcançar a felicidade absoluta, depois da morte. Não é de admirar, por isso, que neste mês de Maio de 2022, peregrinos de todas as proveniências, movidos pela fé, tenham de novo acendido milhares de velas de esperança no santuário de Fátima. Será oportuno, por isso, relembrar. A fazer fé nos testemunhos de Lúcia dos Santos expressos em quatro manuscritos designados por Memórias, as denominadas Aparições foram várias e de estreme proximidade, dado que a Imagem celeste pousou numa pequena azinheira com cerca de um metro de altura, estando os videntes a menos de um metro de distância, ao alcance da vista, ouvidos e mãos, ainda que apenas Lúcia tenha estabelecido diálogo com a divina aparição. Tais acontecimentos sobrenaturais que hoje possuem notoriedade planetária começaram, porém, dois anos antes, em 1915, quando Lúcia e outras três pastorinhas chamadas Maria Rosa Matias, Teresa Matias e Maria Justino, partilharam visões maravilhosas com forma humana. Depois disso, em 1916, agora já na companhia de seus primos Francisco Marto, de 9 anos, e Jacinta Marto, de 7, Lúcia, que contava 10, dá testemunho de 3 novas visões, as chamadas Aparições do Anjo. Estas aparições prévias a que Lúcia apenas se referirá posteriormente, em 1937, no texto conhecido por Memória II, foram preparatórias das que ocorreram em 1917, que são as fundamentais, porque envolveram “… uma senhora mais branca que o Sol”, no dizer dos videntes, e que na última ocorrência, a 13 de Outubro, declarou ser Nossa Senhora do Rosário. Foram seis, portanto, os encontros dos pequenos pastores Lúcia, Francisco e Jacinta, ocorridos entre Maio e Outubro de 1917, com essa Mensageira celestial, chancelados pelo impressionante Milagre de Sol e por milhares de factos miraculosos que levam milhões de almas a acreditar que se tratou, de facto, da Mãe de Cristo e a fazer Fé na Sua mensagem de amor e paz. A primeira destas Aparições de Nossa Senhora aconteceu em 13 de Maio, razão pela qual essa é a data marcante do fenómeno religioso de Fátima sendo, por isso, eventualmente a mais concorrida e noticiada. Fátima não é, contudo, um caso esporádico e isolado, já que se inscreve na longa lista de locais onde a Mãe de Deus é venerada porque lá se manifestou em diferentes datas, anunciando mensagens semelhantes, como são os casos de Lourdes e La Salete, em França, de Aparecida, no Brasil e de Guadalupe, no México. Mensagens que dia após dia se apresentam mais instantes e prementes face ao declínio persistente da Humanidade. É, de facto, deprimente constatar que apesar dos avanços científicos e tecnológicos, milhões de seres humanos continuam a soçobrar na guerra e a apodrecer no vício, na doença e na mais abjecta miséria, enquanto os biossistemas se degradam irreversivelmente. Também porque a política, que deveria ser a justa governação dos povos, é feita de mentira, traição e corrupção, com a dimensão espiritual do homem a ser banida pelo materialismo mais desapiedado e o lugar de Deus a ser ocupado por mitos mundanos que alienam multidões. Sobretudo no momento presente em que é instante a ameaça de uma terceira guerra mundial que poderá assumir efeitos devastadores e mesmo acabar com a própria civilização e toda a vida à superfície da Terra. E também porque a Igreja católica em geral e a própria Santa Sé em particular dão mostras de estar minadas por mil pecados contrários à doutrina do seu fundador Jesus Cristo, muito embora tenham surgido, com o papa Francisco, renovados sinais de esperança. Assim se compreende que o designado Terceiro Segredo, chave mestra da Mensagem de Fátima, esteja de novo na ordem do dia uma vez que muitos admitem que o texto publicado não será o original e a interpretação oficial não terá sido a mais justa. Todavia, muito mais importante que o sensacionalismo que deriva da vertente profética da Mensagem que a Virgem de Fátima concedeu aos videntes num tempo e contexto peculiares, mas que é igualmente válida para os tempos e eventos do presente, é a energia salvífica que dela irradia. Porque a Humanidade está mais do que nunca à beira de uma catástrofe global urge escutar e acatar esta mensagem ecuménica de paz, amor e verdade, que se mantém actual e instante.