Segundo um relatório divulgado pela OMS, o suicídio é responsável por cerca de 800 mil mortes a cada ano, mais do que o cancro da mama, a malária, a guerra ou os homicídios, sendo uma das principais causas de morte de adolescentes e adultos até aos 29 anos.
Em todas as idades, a taxa de suicídio é maior nos homens do que nas mulheres e pode manifestar-se em qualquer fase do ciclo de vida. Assim sendo, é importante perceber quais os principais fatores de risco associados ao comportamento suicidário:
- Género e estado civil;
- Idade (aumento a partir da puberdade);
- Hereditariedade e neuroquímica:
- Doença mental, comportamentos aditivos;
- Maus-tratos e abuso na infância;
- Estado emocional alterado ou instável (agitação, irritabilidade, descontrolo, agressividade);
- Personalidade (impulsividade, negação, dificuldade de resolução de problemas...);
- Isolamento sociofamiliar;
- Dificuldades académicas;
- Situação profissional;
- Perda de elos afetivos (rutura relacional, falecimento do cônjuge, filho…);
- Doenças somáticas.
O que pensa a pessoa suicida?
- Não consigo parar a dor;
- Não consigo pensar;
- Não consigo decidir;
- Não vejo nenhuma saída para a minha vida;
- Não consigo dormir, comer ou trabalhar;
- Não consigo afastar a tristeza;
- Não consigo ver o futuro sem dor;
- Não valho nada;
- Estou sozinho;
- Não consigo ter o controlo;
O que sente a pessoa suicida?
- Desespero;
- Desesperança (ex. Não existe solução para o meu problema);
- Baixa autoestima;
- Incapacidade de sair da situação e resolver os problemas;
- Falta de interesse em atividades antes agradáveis;
- Aumento de ansiedade e/ou ataques de pânico;
- Irritabilidade e agitação;
- Sofrimento profundo.
Existem, também, alguns fatores protetores, que podem ser promovidos para reduzir a vulnerabilidade ao suicídio, como o autoconceito, a autoeficácia, o suporte social e familiar, o envolvimento na comunidade, uma vida social satisfatória e a facilidade de acesso aos serviços de saúde.
A OMS recomenda um reforço das medidas que evitem os suicídios, recordando que são mortes evitáveis. Dá o exemplo de medidas como a restrição no acesso a meios que possibilitem o suicídio, a formação de jovens para os dotar de ferramentas para a vida, a identificação precoce do risco e a interação com os media para uma comunicação responsável sobre suicídio.
Se está a passar por esta situação ou se conhecer alguém que possa estar, procure ajuda, recorrendo à Unidade de Psicologia Clínica da ULS do Nordeste.
Principais mitos e falsas crenças em relação ao suicídio:
- A pessoa que fala sobre suicídio não fará mal a si própria, quer apenas chamar a atenção.
- O suicídio é sempre impulsivo e acontece sem aviso.
- Os indivíduos suicidas querem mesmo morrer ou estão decididos a matar-se.
- Quando um indivíduo mostra sinais de melhoria ou sobrevive a uma tentativa está fora de perigo.
- A tendência para o suicídio é sempre hereditária.
- Os indivíduos que tentam ou cometem suicídio têm sempre uma perturbação mental.
- Se alguém falar sobre suicídio com outra pessoa está a transmitir a ideia de suicídio a essa pessoa.
- O suicídio só acontece aos outros.
- Após uma tentativa de suicídio a pessoa nunca mais volta a tentar matar-se.
- As crianças não cometem suicídio.
Unidade de Psicologia Clínica da Unidade Local de Saúde do Nordeste