As pessoas mais atingidas pela doença assumem, geralmente, comportamentos de risco, sendo que a idade (depois dos 40 anos) e o género masculino são fatores predominantes.
A DPOC é uma doença com elevada prevalência, que afeta 14,2% dos portugueses com mais de 40 anos. Esta patologia é uma das principais causas de mortalidade e morbilidade no mundo e com um crescente impacto socioeconómico.
A Organização Mundial de Saúde estima que em 2030 a DPOC será a terceira causa de morte a nível mundial.
Quais os principais sintomas?
- Tosse crónica
- Expetoração
- Pieira
- Dificuldade em respirar (dispneia) durante o esforço
- Limitação para realizar as atividades da vida diária;
- Limitação para o exercício físico;
- Cansaço.
Os sintomas aparecem lentamente e agravam de forma gradual e progressiva, sobretudo se o utente continuar a fumar.
Quais os principais fatores de risco?
O tabaco é a principal causa de DPOC, entre 80 a 90% dos casos. A doença pode também surgir motivada por exposição a gases, poeiras ou produtos químicos poluentes em contexto de atividade profissional, assim como estar relacionada com história familiar (problema hereditário raro).
Quais as comorbilidades associadas à DPOC?
- Doenças cardiovasculares
- Doenças neuromusculares
- Deformidade da caixa torácica
- Síndrome de apneia obstrutiva do sono
- Cancro do pulmão
- Osteoporose e osteopenia
- Ansiedade e depressão
- Síndroma metabólico
Estas comorbilidades contribuem para aumentar a gravidade da doença, pelo que devem ser diagnosticadas e tratadas.
Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito através de perguntas sobre o modo de vida do utente, tabagismo, exposição ocupacional, história familiar de doenças pulmonares, exame físico geral e pulmonar e espirometria (que permite avaliar a função pulmonar).
A espirometria com prova de broncodilatação deve ser realizada na suspeita clínica de DPOC para confirmar o diagnóstico.
A espirometria é um exame simples, indolor e de baixo custo que permite perceber o grau de gravidade em que a doença se encontra, orientando o tratamento.
Quais as principais complicações?
- Exacerbações ou crises
- Maior suscetibilidade a infeções
- Insuficiência respiratória crónica com necessidade de uso de oxigénio e/ou ventiladores
- Incapacidade para o trabalho ou vida pessoal
- Morte prematura
Quais os principais impactos nos doentes?
- Dificuldade em realizar atividades da vida diária
- Dependência crescente de outras pessoas
- Isolamento social
- Perda de confiança e autoestima
- Ansiedade e depressão
- Incapacidade para o trabalho
- Reforma precoce
- Diminuição da qualidade de vida
A DPOC também tem repercussões nos familiares e cuidadores do doente, como faltas ao trabalho, reforma antecipada, ansiedade e depressão.
Qual o tratamento?
O tipo de tratamento depende dos sintomas e da fase da doença, sendo os objetivos reduzir os sintomas e as crises e atrasar a evolução natural da doença.
- Deixar de fumar é a medida com maior capacidade de alteração da história natural da doença
- Broncodilatores inalados de curta e longa duração de ação
- Corticoides inalados em associação com broncodilatadores nas fases mais avançadas ou sistémicos nas exacerbações
- Vacina antigripal e antipneumocócica para evitar infeções respiratórias
- Antibióticos no caso de exacerbações infeciosas bacterianas
- Oxigenioterapia, quando existe baixa concentração de oxigénio no sangue (hipoxemia)
- Reabilitação respiratória, que inclui treino dos músculos inspiratórios, exercício aeróbio e exercício de reforço muscular
- Atividade física diária, independentemente da gravidade e da necessidade de prescrição de reabilitação respiratória
- Alimentação cuidada e personalizada
Como deve ser feito o seguimento dos utentes?
- Realização de consulta médica no mínimo de 6 em 6 meses
- Verificar a técnica de inalação em todas as consultas e identificar erros. Deve ser demonstrada a utilização correta do inalador e verificada a técnica de inalação (até 2 a 3 vezes) e reverificá-la periodicamente
- Espirometria anual.
Quem deve recorrer ao Serviço de Urgência?
As pessoas com exacerbações de DPOC caracterizada por:
- Dispneia grave
- Hipoxemia e/ou sinais de insuficiência respiratória
- Alteração do estado de consciência
- Refratoriedade à terapêutica inicial
Dr.ª Mónica Bagueixa
Médica Especialista em Medicina Geral e Familiar
Centro de Saúde de Mirandela II
Unidade Local de Saúde do Nordeste