Combater a insónia

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A insónia é a presença de um padrão de sono alterado, que se carateriza pela dificuldade em adormecer (insónia inicial) e em manter o sono (insónia intermédia), pela duração insuficiente do sono, pelo despertar matinal demasiado cedo (insónia terminal), pelos despertares frequentes ou prolongados e pela variabilidade do padrão de noite para noite.

A ocorrência de ansiedade ou agitação antes ou durante o sono, sensação de cansaço ao acordar e experiências de sonos desagradáveis, também podem fazer parte da definição da insónia.

A insónia pode ser aguda (quando a duração é inferior a quatro semanas) ou crónica (quando a duração é superior a quatro semanas) desde que os sintomas ocorram pelo menos em três noites por semana.

 

 Quais as causas mais frequentes da insónia aguda?

Stress situacional (laboral, interpessoal, financeiro ou outro)

Stress ambiental (por exemplo o ruído no quarto de dormir)

Morte ou doença de uma pessoa próxima

 

Quais os fatores de risco para a insónia crónica?

Idade

Sexo feminino

Presença de outras doenças

Fracas relações sociais

Baixo nível socioeconómico

Separação matrimonial ou de um parceiro

Desemprego

Trabalho por turnos

 

Como é feito o diagnóstico da insónia?

A história clínica é fundamental para o diagnóstico da insónia e deve refletir os seguintes itens:

Especificar a queixa da insónia, se existe dificuldade em adormecer, ou em manter o sono, ou acordar cedo, ou simplesmente a sensação de um sono não reparador;

Quando começaram os sintomas da insónia. Se os relaciona com algum acontecimento ou mudança na sua vida;

Qual a necessidade diária de sono para se sentir bem;

Qual o horário preferencial de deitar e levantar. Se existem variações entre a semana e o fim de semana;

Quais os sintomas diurnos relacionados com um “mau” sono;

Como é usada a cafeína, coca-colas e o álcool pelo paciente;

Se o paciente usa computador, tablets ou telemóvel antes de dormir ou mesmo na cama;

Se existe alguma patologia médica ou psiquiátrica. Se sim, como estão a ser tratadas;

Se o ressonar está presente, qual a sua severidade e frequência e se existem apneias do sono (caraterizada por interrupções breves e repetidas na respiração, que provocam um sono fracionado e não reparador) presenciadas;

Se existe inquietação nas pernas ao adormecer e/ou referência a “esticões” durante a noite.

O registo de um diário de sono e a informação prestada pelo parceiro(a) também é primordial.

 

Como se trata a insónia?

O tratamento da insónia baseia-se essencialmente nas regras gerais de higiene de sono que deverão ser implementadas no início de qualquer insónia para evitar o seu agravamento e/ou condicionamento. No entanto, a combinação do tratamento com medicamento (farmacológico) específico com o não farmacológico pode ser aconselhado.

O tratamento farmacológico deve ser iniciado com a menor dose que se considere eficaz, no menor tempo possível, e ser descontinuado gradualmente.

 

Como prevenir a insónia?

Evitar estimulantes (cafeína, nicotina) várias horas antes de deitar

Evitar álcool perto da hora de deitar

Ter pelo menos uma hora para descontrair antes de deitar

Manter o quarto silencioso, escuro, fresco e confortável

Evitar o relógio à cabeceira, telemóvel, tablets ou computadores próximo da hora de dormir

Deitar-se apenas quando tiver sono

Se não se sentir capaz de adormecer passados 30 minutos de se deitar, deve levantar-se, fazer algo relaxante, ler um livro, ouvir um pouco de música, sem a preocupação de ter sono, e deitar-se apenas quando sentir sono de novo

Pôr o despertador e levantar-se sempre à mesma hora, independentemente do que tenha dormido

Não fazer sestas (alguma tolerância com sestas curtas de 20 - 30 min a seguir ao almoço).

 

Dra. Mónica Bagueixa

Médica Especialista em Medicina Geral e Familiar

no Centro de Saúde de Mirandela II

ULS do Nordeste