Esta data comemorativa tem como objetivo centrar a atenção pública na Saúde Mental global e identificá-la como uma causa comum a todo os povos, ultrapassando barreiras nacionais, culturais, políticas ou sócio-económicas, bem como combater o preconceito e o estigma.
Saúde Mental, o que é? Como a podemos promover?
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Saúde Mental é um estado de bem-estar no qual cada indivíduo realiza as suas capacidades, consegue lidar com as adversidades normais da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e sentir-se capaz de contribuir para a comunidade em que se insere. Existem algumas estratégias que podem ajudar-nos a conseguir prevenir problemas de Saúde Mental e usufruirmos de um maior equilíbrio psicológico:
1. Estar atento às nossas emoções
O nosso mundo emocional é muito vasto e complexo, é um pilar fundamental que suporta o nosso bem-estar e a forma como nos relacionamos com os outros e com as circunstâncias da vida. Ter “inteligência emocional”, ou seja, saber reconhecer e gerir emoções é uma competência fundamental na nossa vida, sendo um aspeto cada vez mais valorizado até em contextos profissionais. Como podemos fazer isto? De uma forma simples, carregarmos no botão de “pausa” na correria do dia-a-dia e pararmos para refletir sobre as nossas emoções. Devemos colocar-nos as seguintes questões: Como me sinto? Qual a situação que o desencadeou? O que sinto no meu corpo? De que forma estou a lidar com esta situação e porquê? Já me senti assim antes? Só o facto de refletirmos sobre as nossas emoções torna-nos mais capazes de gerir o sofrimento, bem como de agir sobre as coisas, em vez de reagir a elas.
2. Respeitar o nosso corpo
É importante ouvirmos e respeitarmos o nosso corpo. Isto significa conhecer os nossos limites. Descansar e dormir o suficiente é algo fundamental para uma boa Saúde Mental, bem como ter uma alimentação equilibrada e evitar o consumo de substâncias toxicas e de álcool. Praticar atividade física diária (ex. caminhadas, brincar com os filhos, nadar) mantém o corpo ativo e contribui, em simultâneo, para um maior equilíbrio emocional.
3. Recarregar energias
É importante que o autocuidado seja uma prioridade para cada um de nós. Para tal, devemos perceber o que nos ajuda a aumentar a nossa sensação de bem-estar. Em que situações me sinto bem? Quais são as atividades que faço com prazer e nem sinto o tempo a passar? O que ajuda a recarregar a minha energia? As respostas podem corresponder a coisas tão simples como dar um passeio na natureza, brincar com um animal de estimação, concluir um assunto que andava a adiar, escrever sobre o que sinto e penso, ouvir música, fazer atividades relaxantes ou meditar, conversar com um amigo… Depois de descobrirmos aquilo que incrementa o nosso bem-estar, importa incluir essas atividades na nossa vida diária como se de um compromisso se tratasse.
4. Gerir o tempo e viver mais no “agora”
Um dos maiores desafios que enfrentamos hoje em dia para a nossa Saúde Mental é a ditadura do tempo. Vivemos um tempo frenético, numa correria constante, em que a nossa mente fica sobrecarregada com os pensamentos sobre o tempo futuro ou sobre o tempo passado, problemas que ainda não temos, coisas que aconteceram e não podemos mudar. Acabamos por não viver efetivamente o momento presente. Esta sobrecarga mental pode levar-nos a reações emocionais mais impulsivas e menos ponderadas, mais ansiedade, mais dificuldade em focar a nossa atenção. É fundamental que consigamos gerir o nosso tempo, incluindo no nosso dia-a-dia tempo para nós próprios, tempo para as pessoas que amamos e tempo para o nosso descanso e para o nosso lazer. Nestes momentos, devemos realmente estar presentes, conscientes, aproveitando o agora. A arte de estar no presente leva-nos a observar mais e a avaliar muito menos, o que reduz o mal-estar emocional.
5. Praticar a gratidão
Praticar a gratidão não significa que tenhamos que estar sempre otimistas ou positivos, muito menos que tenhamos de reprimir emoções negativas, ao invés de vivê-las. Significa apenas que é importante também praticar a gratidão. Isto é, relembrarmo-nos a nós próprios, todos os dias, os motivos pelos quais somos gratos. A gratidão tem sido associada à melhoria do bem-estar e da Saúde Mental, por isso vale a pena praticá-la. Podemos manter um registo das coisas pelas quais somos gratos todos os dias, ou simplesmente pensarmos sobre elas antes de dormir, por exemplo.
6. Permitirmo-nos a não estar bem
É importante sabermos aceitar e lidar com as emoções desagradáveis, sem querer, de forma imediata, mascará-las ou reprimi-las. Não é suposto passarmos por situações difíceis como se não tivessem acontecido. O que é suposto e saudável é que consigamos dar continuidade à nossa vida, integrando aquilo que aconteceu na nossa história e aprendendo a viver a partir daí. Permitir-se a não estar bem, a estar triste, a estar zangado(a), a sentir mágoa ou dor, é fundamental para uma Saúde Mental equilibrada. Ser capaz de lidar com a derrota, o fracasso, a desilusão é uma aprendizagem fundamental e imprescindível para encontrar o equilíbrio.
7. Pedir ajuda quando necessário
Nenhuma dica ou estratégia serve como receita universal e absoluta para todo e qualquer problema ou para todas as pessoas. Assim como quando temos um problema de saúde física precisamos de ir ao médico, o mesmo se passa com a Saúde Mental, devemos recorrer a um profissional de saúde mental sem hesitações, considerando-o como um ato prioritário.
Quando devo procurar ajuda?
- Quando os sintomas ou problemas emocionais forem demasiado intensos e frequentes e não estiver a ser capaz de geri-los;
- Se a forma como se sente afeta a sua vida, como por exemplo vida pessoal e o trabalho;
- Se pretende desenvolver determinadas competências, recursos ou capacidades emocionais e psicológicas que sente que não consegue fazer sozinho ou que poderá beneficiar de ajuda nesse sentido.
Sejamos felizes e saudáveis, física e mentalmente!
Unidade de Psicologia Clínica da Unidade Local de Saúde do Nordeste