Ter, 15/10/2024 - 10:43
A Urgência de Cirurgia Geral do Hospital de Mirandela está encerrada há um ano. Fechou dia 8 de Outubro de 2023 e não voltou a abrir. Na altura, segundo a administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste encerrou portas por causa greve dos médicos às horas extraordinárias, mas seria algo temporário. Contudo, já lá vai um ano. Apesar dos protestos, das manifestações, dos pedidos de esclarecimento, para já, a ULS do Nordeste continua sem dar respostas no que toca à data para a abertura. Assim, os cerca de 47 mil habitantes do sul do distrito, dos concelhos de Mirandela, Alfândega da Fé, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo, têm de se deslocar a Bragança, caso precisem de ser vistos por um profissional de saúde ligado à cirurgia geral ou que tenham de ser submetidos a uma intervenção cirúrgica urgente. Segundo esclareceu a presidente da câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues, desde Fevereiro, altura em que o gabinete do ex-ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse, ao Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República, que os três cirurgiões que estavam em Mirandela manifestaram a sua indisponibilidade para continuar a realizar serviço de urgência”, não se soube mais nada sobre o assunto. “Não temos qualquer informação. Sabemos apenas que existe um grupo de trabalho ao nível do Ministério da Saúde e nada mais”, disse Júlia Rodrigues, que manifestou que é de todo o interesse reabrir a urgência, dada a “centralidade de Mirandela para todo o sul do distrito”. A presidente deseja que a urgência reabra e é isso mesmo que o deputado municipal do PSD e líder da concelhia social democrata, Paulo Pinto, acredita que vai acontecer porque “foi essa a promessa feita, à época”. “Vou aproveitar para relembrar isso no meu partido, nas reuniões da distrital, e faço fé para que essa situação seja revertida”, clarificou. Os outros deputados da Assembleia Municipal de Mirandela não estão tão confiantes. “Não é possível ter esperança em relação a uma administração que, sistematicamente, desde há uns anos, vem desmantelando completamente o hospital de Mirandela, no sentido de liquidar aquilo que conquistamos com grande sacrifício”, rematou Hernâni Moutinho, deputado municipal do CDS. “Com o avançar do tempo, é claro que nos custa cada vez mais acreditar que a urgência seja reaberta, apesar de todas diligências feitas por todas as entidades, a ULS nunca se manifestou minimamente interessada em resolver o assunto e parece-nos difícil de acreditar que estão não seja uma solução de carácter definitivo”, assinalou Rui Pacheco, deputado municipal do PS. Jorge Humberto Fernandes, único representante da CDU na Assembleia Municipal, considera que o serviço “só encerra definitivamente se o povo desistir de lutar”. Quando a valência fechou, passado um mês, a câmara de Mirandela organizou uma iniciativa para mostrar o seu descontentamento. Várias pessoas reuniram-se, num cordão humano de abraço ao hospital de Mirandela. Também vários autarcas manifestaram o desacordo para com o que se passava. Nuno Ferreira, presidente da câmara de Freixo de Espada à Cinta, foi um deles. O autarca, disse, em Maio, ao Jornal Nordeste, que temia que o serviço continuasse encerrado e que, “independentemente da cor política”, todos deveriam “lutar” para que o serviço fosse reaberto e ali fossem colocados os “recursos necessários para salvaguardar a defesa das populações”. Também o presidente da câmara de Torre de Moncorvo, José Meneses, se manifestou e mostrou pouca confiança na reabertura. “As coisas provisórias muitas vezes passam a definitivas sem nos darem nenhum tipo de informação”, lamentou. Praticamente no fim de Maio deste ano, o município reuniu com a Unidade Local de Saúde do Nordeste que terá avançado que não havia intenções de encerramento definitivo da urgência.