Trabalhadores da Faurecia queixam-se dos salários e já pedem ajuda a instituições

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Ter, 13/06/2023 - 11:38


Pela terceira vez, no espaço de um ano, os trabalhadores da Faurecia, uma fábrica de componentes de automóveis em Bragança, fizeram greve

O protesto aconteceu na passada sexta-feira e os trabalhadores, mais uma vez, reclamavam aumento salarial. Cerca de 65% dos trabalhadores aderiram à greve. Segundo o delegado sindical e trabalhador da fábrica, Rui Pereira, os trabalhadores recebem pouco mais do que o ordenado mínimo e, por isso, pedem um aumento de 90 euros para fazer face à inflação. “É uma empresa que aos trabalhadores directos paga o salário mínimo ou pouco mais 10 euros. Isto obriga as pessoas a fazer sacrifícios, como colegas que no fim deste mês vão ter que entregar a chave do apartamento ou outros colegas que ao dia 12 já têm que recorrer às instituições para pedir alimentos”, contou. Rui Pereira disse ainda que a empresa leu um comunicado aos trabalhadores, em forma de “ameaça”, o que os fez avançar com a greve. Fábio Lopes, funcionário da Faurecia há 9 anos, ouviu esse comunicado. “Dizia que podia haver perda de projectos por causa desta greve, haver linhas a parar noutras fábricas e que podíamos ser penalizados”, disse. Ainda assim o trabalhador aderiu à greve. “Recebo mais 20 euros que o salário mínimo, o que não é nada para uma pessoa que trabalha aqui há quase 10 anos”, referiu, salientando que a sua vida “não está estável”, porque o ordenado não é suficiente para as despesas, até porque é pai solteiro. Os trabalhadores já têm pouca esperança de que a direcção da fábrica os ouça, mas ainda assim continuam a protestar. Mateus Salazar não está contente com o salário que recebe. Há oito anos a trabalhar na fábrica recebe “730 euros líquidos”, admitindo ser “difícil” viver assim, tendo em conta as despesas que tem que pagar. “Um operário que venha trabalhar hoje ganha o mesmo do que eu e acho que a empresa tem possibilidades de pagar mais aos colaboradores”, reclamou. A Faurecia é uma fábrica de componentes de automóveis em Bragança, com cerca de 560 funcionários. Em Julho do ano passado os trabalhadores fizeram pela primeira vez greve contra os salários e as condições de trabalho. Em Novembro voltaram a protestar e na passada sexta-feira outra vez. Pedem um aumento de 90 euros, com a justificação de não conseguirem aguentar as despesas, já que recebem pouco mais que o salário mínimo. A direcção da Faurecia recusou-se a fazer qualquer comentário sobre a greve.

Jornalista: 
Ângela Pais