Professores protestaram em Vinhais mas ministro da Educação ignorou

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Ter, 30/05/2023 - 10:54


“Demissão” e “respeito”: foi com estas palavras que um grupo de professores do Norte se manifestou à frente do agrupamento de escolas de Vinhais à chegada do ministro da Educação, que foi à vila inaugurar as obras da escola, na passada sexta-feira, mas que nem aos manifestantes se dirigiu

Uma das professoras que está na luta é Sílvia Saraiva, do agrupamento de escolas de Mirandela. A docente mostrou-se revoltada com o Governo e pediu a demissão. “Este país está complemente desgovernado, ao nível da educação, da saúde, da justiça, por isso só podemos pedir a demissão do Governo”, afirmou. O representante do grupo de professores do Norte, Rui Feliciano, disse que estão ainda “muito preocupados sobretudo com aquilo que aconteceu que aconteceu com a promulgação do diploma que resultou na vinculação dinâmica dos docentes e também no processo de recuperação do tempo de serviço”. “ Não estamos contentes, aliás a globalidade dos professores continua muito infeliz neste processo e nós queremos que a escola fosse um espaço de felicidade não só para os professores, mas também para os alunos”, referiu. Os alunos também se juntaram ao protesto dos professores. A jovem Sara Coroado entende que esta não é uma luta só dos docentes, mas de todo o ensino. “O sistema português já é muito retrógrado, temos muitas coisas a mudar, os alunos estão insatisfeitos, os professores estão insatisfeitos, não têm condições, cada vez temos um grupo de docentes mais envelhecido e daqui a algum tempo não vai haver professores e são os professores que estão a preparar as gerações do futuro e tem que haver mudança”, reclamou. Os professores esperavam ser ouvidos, mas o ministro da Educação ignorou-os. Confrontado com a manifestação, João Costa disse que na altura em que não havia subsídios não viu os professores a reclamarem. “Os que estavam ali à porta viveram períodos em que não tinham subsídio de férias, subsídio de Natal, tinha uma sobretaxa de IRS, não me lembro, na verdade, de manifestações nessa altura”, afirmou. Ainda assim, disse que já estão a ser dados passos para melhorar a carreira docente. “Já aprovámos algo que nem sequer estava no programa do Governo, um instrumento de aceleração as carreiras, que permite agora construir um instrumento legislativo paralelo para as restantes carreiras da Administração Pública”, referiu, acrescentando que, embora não haja acordo com os professores, vão desenvolvendo medidas que têm consequências na vida das pessoas, na actualização salarial.

Apoio ajustado aos municípios

No discurso de inauguração, o presidente da Câmara Municipal de Vinhais reivindicou mais apoio para o concelho, tendo em conta a desertificação e o isolamento. Luís Fernandes realçou que no concelho o ensino é gratuito e que, por ano, o município só em transporte escolar gasta 400 mil euros. Por isso, pediu um reajustamento das verbas, já “é muito difícil o município sozinho conseguir suportar tudo isto”. O ministro da Educação descartou responsabilidades, dizendo que a transferência de competências do Governo para os municípios é da responsabilidade do Ministério da Coesão Territorial. No entanto sublinhou que o “que o processo de descentralização faz é já atender as especificidades dos municípios, não é de régua e esquadro”.

Obras concluídas

Está finalmente a funcionar a escola D. Afonso III, frequentada por mais de 370 alunos, do primeiro ao décimo segundo ano. As obras de melhoria, que eram reivindicadas há mais de uma década, começaram há três anos e só neste terceiro período os estudantes puderam finalmente ter aulas nas novas instalações. O presidente da câmara de Vinhais, Luís Fernandes, disse que é um dos investimentos mais importantes para o concelho e que o “fundamental” foi feito. Mas que há ainda algumas coisas a melhorar. “Há outras valências que podemos potenciar e que queremos potenciar. Por exemplo, a nível do primeiro ciclo foi construído um pavilhão completamente novo e há aqui um espaço que pode ser aproveitado para criar condições desportivas e em termos de espaço de recreio”, referiu. As obras na escola D. Afonso III custaram 4 milhões de euros. Além de terem sido recuperados alguns espaços, foram ainda construídos outros. A empreitada foi financiada por fundos comunitários, através da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, pela Câmara Municipal de Vinhais e pelo Ministério da Educação.

Jornalista: 
Ângela Pais