Professores novamente em greve continuam a implorar que o ministério os escute

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Ter, 09/05/2023 - 12:28


Fernando Contins, professor há 38 anos, de Português, é, neste momento, docente no Agrupamento de Escolas Paulo Quintela, e foi uma das vozes de protesto, esta segunda-feira, em Bragança, em mais uma greve dos professores

O docente juntou-se a outros professores, em frente à Escola Secundária Emídio Garcia, pedindo respeito. Dizendo que a palavra que define o que se passa é “indignação”, esclareceu que, “depois de tantos anos a lutar com afinco, dedicação e motivação”, os professores sentem-se “sós”. “Os políticos têm por nós uma insensibilidade extraordinária, que não faz sentido nenhum. Eu aconselhava o senhor ministro a vir às escolas, passar cá uns dias, e ver o pulsar do que é ser professor, sentir as dificuldades e raiva de luta de tantos anos e não ter nada”, frisou, assumindo que “a conversação faz-se dialogando mas, quando uma parte não quer dialogar, há um barramento extraordinário”. O docente disse ainda que “os professores estão sensíveis e dispostos a lutar de forma diluída” e que, por isso, “isto já não faz sentido”. Os protestos aconteceram no âmbito da nova ronda de greves, que está a realizar-se por distritos e que é convocada por vários sindicatos. Os protestos já começaram no dia 17 de Abril e vão decorrer até dia 12 de Maio, nas diferentes capitais de distrito. Teresa Pereira, dirigente do Sindicato dos Professores do Norte (SPN), tal como Fernando Contins, também lamentou que não haja grande abertura por parte do ministério. Assim, disse que os protestos até poderiam parar de imediato caso o Ministério da Educação mostrasse “abertura para negociar devidamente e discutir as questões que preocupam os professores e que são legitimas”. E essas questões a tratar passam, por exemplo, como temas ligados à carreira, sendo que, “neste momento estão cortados 6 anos 6 meses e 23 dias”. Também os concursos dão que falar. “Pedimos que sejam por lista graduada e justos”, rematou Teresa Pereira, que disse que “o distrito é muito precário em termos de concursos porque as pessoas já têm muita idade e ainda são quadros de zona pedagógica”. A dirigente do SPN pediu ainda que haja solução rápida para alguns outros problemas. “Em muitos casos poderia haver uma aposentação numa idade menor porque os professores estão muito cansados. Com mais de 60 anos não têm grandes condições para continuar a trabalhar”, esclareceu ainda Teresa Pereira, dizendo que não vão parar enquanto não se resolverem “questões que têm que ser resolvidas”. Além dos protestos, ao fim da manhã, à porta da Escola Secundária Emídio Garcia, os professores também mostraram a revolta que sentem na Praça da Sé, naquele mesmo dia, à tarde. Desta vez não há serviços mínimos que possam impedir os docentes de fazer greve.

Jornalista: 
Carina Alves