Plataforma para monitorizar desertificação lançada em Mogadouro

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Ter, 21/06/2022 - 18:15


O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) acaba de lançar o Observatório Nacional da Desertificação (OND)

Esta plataforma on-line foi lançada no Dia da Desertificação e Seca, em Mogadouro, um concelho que integra um dos distritos que, quanto à seca, neste momento tem parte do território numa situação extrema e outra parte em seca severa. A plataforma funciona como um portal de dados abertos que concentra a informação obtida no âmbito da actividade do observatório e não tem encargos para os utilizadores e, segundo o Ministério do Ambiente e da Acção Climática, “a par dos planos de gestão eficiente da água e dos recursos hídricos já implementados, esta é mais uma iniciativa que responde à necessidade, cada vez mais urgente, de combater a desertificação, procurando assegurar a neutralidade da degradação dos solos e para mitigar os efeitos da seca”. No lançamento da plataforma, na sexta-feira passada, Nuno Banza, Presidente do Conselho Directivo do ICNF, assumiu que a seca e a desertificação “são assuntos muito importantes, com influência na vida das pessoas” e que esta plataforma pretende chamar a atenção para as alterações climáticas e os efeitos que estão a ter no nosso território. “Basicamente, aquilo que tentamos fazer com este observatório é juntar um conjunto de informação. Já hoje é muito óbvio que entre 1960 e 2022 houve uma perda significativa de solo, uma alteração relevante da forma como os ecossistemas retêm a água e depois suportam a vida. Este assunto precisa de vir para a ordem do dia”, justificou. No lançamento também esteve a directora regional do ICNF. Para Sandra Sarmento, o observatório, que já vinha a ser desenvolvido há algum tempo e “finalmente” está concluído, “é fulcral”. Este repositório de informação quer-se que seja “muito utilizado”, que seja “a base da estratégia”. “Que possamos partilhar as experiências que vamos tendo no combate à desertificação e seca no país todo”, explicou Sandra Sarmento que lamentou que, neste momento, metade do território esteja em estado desertificação, o que nos deve preocupar a todos. Em Mogadouro foram ainda assinados os contratos relativos a projectos de preparação para condições meteorológicas extremas e de gestão de riscos no contexto das alterações climáticas. Alexandra Carvalho, Secretária- -Geral do Ambiente e Operadora Programa Ambiente, explica que foram selecionados quatro projectos que vão ser apoiados num valor total de 1 milhão e 200 mil euros. Dois deles têm incidência nas terras de Trás-os-Montes, Douro, Beiras e Serra da Estrela, num valor total de cerca de 820 mil euros. “Focam- -se em fazer aquilo que há para fazer neste território, que é aumentar a resiliência das florestas e das áreas ardidas, diminuindo a sua susceptibilidade aos incêndios e à desertificação, através da restauração e requalificação nas zonas afectadas por incêndios rurais e erosão dos solos”, esclareceu Alexandra Carvalho. O presidente da autarquia de Mogadouro, António Pimentel, falou de outro tipo de desertificação: a falta de gente, o despovoamento. O autarca atribuiu este fenómeno aos fracos apoios do Governo. “Para nós seria importante que aqui se instalassem empresas que fixassem os jovens. Os governos podiam acabar com a interioridade muito facilmente. Os incentivos que dão lá em baixo bastava que os transferissem para aqui”, vincou, assumindo que a câmara tem políticas de incentivo para a criação de emprego mas “não é suficiente”. Mogadouro acolheu o lançamento do Observatório Nacional da Desertificação, que tem como principais funções acompanhar, monitorizar e avaliar as medidas e os instrumentos de combate à desertificação e à seca.

Jornalista: 
Carina Alves