Património abandonado

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Sex, 18/03/2005 - 12:13


A Direcção Geral do Património prefere deixar o património ao abandono do que cedê-lo a autarquias capazes de recuperar e dinamizar edifícios em estado avançado de degradação.
Veja-se o que está a acontecer com o antigo posto da Guarda Fiscal de Cardal do Douro (Bemposta), que já foi a hasta pública mais do que uma vez sem que apareça um interessado no imóvel.
As quantias pedidas pelo Estado demovem os potenciais compradores, até porque na maioria dos edifícios postos à venda ainda é necessário gastar alguns milhares de euros para reabilitar as instalações.
No caso do antigo posto de Bemposta, uma das entidades interessadas é a Câmara Municipal de Mogadouro, que nem pretende ficar com o imóvel de “mão-beijada”.
Bastaria que a Direcção-Geral do Património baixasse a base de licitação para um valor que estivesse ao alcance dos cofres da autarquia para que o imóvel ganhasse uma nova vida. Mas, ao que parece, o Estado não parece interessado em baixar o preço. Por isso, o edifício deverá ficar ao abandono durante mais algum tempo. O pior é que, dentro de alguns anos, a degradação será de tal forma assustadora que nem a autarquia vai querer pegar no edifício. Aí ver-se-á em que é que lucrou o Estado quando teimou em não baixar o preço numa altura em que ainda existiam potenciais compradores.
O exemplo do antigo posto de Cardal do Douro aplica-se às dezenas de estações de comboio, apeadeiros e passagens de nível que o encerramento das linhas ferroviárias em Trás-os-Montes e Alto Douro.
Em Sendim, por exemplo, um grupo de jovens juntou-se, recentemente, para limpar o mato que ameaçava cobrir a antiga estação da linha do Sabor. No final da década de 90, o recém-criado Parque Natural do Douro Internacional anunciava a aquisição de algumas estações para fins turísticos. Nada aconteceu. A antiga estação de Mogadouro chegou a ser pensada para sede de algumas associações mas, enquanto o Estado pedir “mundos e fundos” por património decadente, os projectos autárquicos ou associativos continuarão a ficar no papel, infelizmente.