Para que servem os mitos?

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Ter, 12/04/2005 - 17:50


Os velhos e os novos mitos na literatura para os mais jovens do novo século é o tema central do II Congresso Internacional de Literatura Infantil, que decorrerá este ano em Vila Real, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Este Congresso, que abrirá com uma intervenção do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, tem data marcada para os dias 19, 20 e 21 de Maio, estando já assegurada a participação de mitólogos e outros investigadores de Portugal, Espanha, Brasil e Bélgica, que, no total, apresentarão mais de meia centena de comunicações.
Organizado, conjuntamente, pela UTAD, pela Delegação Regional da Cultura do Norte (DRCN) e pelo Observatório da Literatura Infanto-Juvenil (OBLIJ), o Congresso é dirigido a professores, educadores, pedagogos, investigadores, escritores, ilustradores, tradutores, editores, críticos, bibliotecários, livreiros, sociólogos, psicólogos, jornalistas, profissionais do marketing, da publicidade, guionistas, actores, encenadores e outros agentes ligados à literatura para crianças.

Emergência das bibliotecas vivas

A organização, atenta à necessidade de uma permanente descoberta de novos espaços de criatividade e de (re)leitura do mundo, propõe para debate não apenas a mitologia na literatura, mas também todo o universo da tradição oral (os textos e os contextos) e ainda a emergência das bibliotecas vivas como “desafios para novas aventuras”.
Esta permanente descoberta de novos espaços criativos não pode, contudo, tornar permeáveis os mitos e as lendas aos “caprichos” das modernas conjunturas. Há que estar atento e ser crítico em relação aos processos de “degradação” das lendas, quando sujeitas a certos impulsos romanceadores, de que são exemplo algumas edições de lendas romanceadas de mouras encantadas. Os textos das lendas e dos mitos são uma espécie de foral, atribuído pela cosmogonia a uma comunidade. Assim, tal como não se pode alterar um foral (quando muito poder-se-á publicá-lo intacto, ou então traduzi-lo e interpretá-lo...) o mesmo cuidado há que haver com alguns dos textos mais ancestrais da tradição oral que compõem o nosso património imaterial.
Espera-se, pois, neste Congresso, um debate sério sobre alguns dos terrenos movediços em que assenta a literatura para os mais novos e sobre os desafios e os rumos que importa abrir para o futuro.