Pais descontentes com transporte das crianças das aldeias de Carrazeda de Ansiães para a escola na vila

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Ter, 27/09/2022 - 12:27


O transporte das crianças que vivem nas aldeias do concelho de Carrazeda de Ansiães e frequentam o pré-escolar e primeiro ciclo na vila foi alterado e os pais estão descontentes com o horário

No primeiro dia de aulas, as crianças de Foz Tua foram as primeiras a serem recolhidas às 7h15. Seguiram-se as al- deias de Ribalonga, Tralhariz, Castanheiro, Pombal, Pinhal do Norte, Areias e Amedo. As crianças andavam mais de uma hora e meia de autocar- ro até chegarem à escola. Perante esta situação, os pais pediram ao município que o horário fosse muda- do e as crianças de Foz Tua, que são as primeiras a serem recolhidas, passaram a apa- nhar o autocarro às 7h45, meia hora mais tarde. Ainda assim, os encarrega- dos de educação continuam descontentes, porque algu- mas crianças têm que estar 40 minutos à espera até que as aulas comecem e à tarde, as outras crianças, que foram as últimas a chegar à escola, serão as penalizadas e a ter que esperar até que sejam transportadas. Isto porque só há um autocarro, que tem que fazer dois percursos. Olga Silva vive em Foz Tua e tem um filho de 6 anos. Considera que, apesar de o horário já ter sido melho- rado, a situação “ainda não satisfaz”, visto que algumas crianças chegam à escola “por volta das 8h20 e têm que esperar cerca de 40 mi- nutos para entrarem na sala de aula”. O ideal seria o horá- rio que se praticou nos anos anterior, ou seja, “os meninos saiam daqui do Tua por volta das 8h15 e chegavam à esco- la mais ao menos um quarto de hora antes das 9h”. “São crianças pequenas, que têm que se levantar ex- tremamente cedo e aqui os invernos não são propria- mente agradáveis e depois são meninos que já passam o dia inteiro na escola, chegam relativamente tarde a casa, eles não têm tempo de conviver com a família, têm que fazer os trabalhos de casa, mas gostaríamos que a situação pudesse ficar como estava o ano passado”, apontou. Andreia Gonçalves vivia no Porto, mas mudou-se para Foz Tua à procura de melhor qualidade de vida. Tem uma filha de 9 anos e quando se deparou com esta situação disse ter ficado desiludida. “Quando pensámos vir para o interior era para ganhar qua- lidade de vida, até para que a Matilde pudesse usufruir mais do tempo livre. Se o ho- rário da 7h15 fosse pratica- do, estaria a obrigá-la a acor- dar muito mais cedo do que no Porto”, disse. Admite que esta falta de apoios pode ser um entrave a ter mais filhos. “Ao vermos isto, eu não tenho o incentivo de pensar em ter mais filhos ou poder contar com este apoio. Alguém que faz um horário desta maneira e um circuito desta maneira não está a pensar no bem- -estar das crianças”, criticou. O transporte é dividido em dois circuitos, mas com o mesmo autocarro, o que obriga a que as primeiras crianças recolhidas fiquem a aguardar até ao início das aulas. E à tarde, são as crianças das aldeias mais perto que ficam na escola mais tempo até que o transporte seja feito. O presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães explicou que nos anos anteriores este transporte era contratualizado externamente, mas este ano, como não houve propostas válidas, tem que ser feito pelo município. "A câmara municipal organizou-se para internamente responder à necessidade de transportar os alunos que tem requisitos especiais tanto nas viaturas, como nos condutores e, por isso mesmo, não foi possível fazer o número de circuitos que queríamos”, explicou João Gonçalves. O autarca garantiu que em breve será arranjada uma solução, que passará pela contratualização do serviço ou pela aquisição de meios.

Jornalista: 
Ângela Pais