Ter, 02/08/2005 - 15:39
Depois de vários anos em terras gaulesas, o dono da empresa de transporte de passageiros Univers Cars decide apostar noutros voos, ciente de que o transporte aéreo poderia quebrar o isolamento da região e criar alternativas às estradas da época, que na altura vitimavam portugueses nas viagens dos emigrantes entre os dois países.
Cassiano Rodrigues, piloto e responsável da empresa aeronáutica “Nortávia”, recordou ao Jornal NORDESTE o esforço de Moisés Martins para pôr Bragança no mapa dos voos internacionais. “Ele batalhou contra muros que não conhecia, foi a Lisboa e, com uma vontade férrea, conseguiu autorização para fazer uma ligação entre Paris e Bragança”, relata o empresário.
Ultrapassadas as barreiras burocráticas, Moisés Martins aluga um BA146, capaz de transportar 100 passageiros, desconhecendo que o aparelho não poderia aterrar na pista do aeródromo de Bragança, então com 1200 metros. “O avião teve de aterrar em Valladolid e os passageiros tiveram de vir de autocarro para Bragança”, recorda Cassiano Rodrigues.
Coelhoso organiza homenagem
O contratempo, contudo, não fez Moisés Martins desistir. No mesmo ano aluga um avião com menor capacidade, um Jet Stream 31, e aterra em Bragança com algumas dezenas de emigrante a bordo. Regressa a França no mesmo aparelho, mas as ligações acabam por não ter continuidade, pois o aeródromo de Bragança não tinha condições para fazer a região voar mais alto.
Passados nove anos, Cassiano Rodrigues faz questão de vincar o trabalho do empresário da Univers Cars, “que transportou milhares de pessoas”.
Quanto às ligações agora inauguradas pela Aerocondor, classifica-as de “extrema importância” em termos de quebra de isolamento. “Já devia ter sido, mas antes tarde do que nunca”, salienta o responsável da Nortávia.
Para homenagear Moisés Martins, a Junta de Freguesia de Coelhoso (JFC) promove, no próximo dia 18, a inauguração de um busto em memória do empresário falecido num acidente de viação ocorrido há cerca de três anos.
“Vamos homenagear um homem e um empreendedor que deve ser recordado, em especial numa altura em que as ligações de Bragança para França são uma realidade”, explicou o presidente da JFC, Ernesto Fernandes.