Ter, 05/04/2022 - 11:29
As noticías são muitas e as mais preocupantes dão conta de que a colheita de cereais na Ucrânia pode cair para metade, já que os terrenos de cultivo estão arrasados pelas bombas e os agricultores foram mobilizados para a guerra. Por outro lado, parece que se acordou agora para a realidade de que Portugal, no cultivo de cereais, está cada vez mais longe da autossuficiência. Antes de mais importa perceber que, como já todos ouvimos, a Rússia e a Ucrânia são dois dos principais exportadores de cereais a nível mundial, mas está a falar-se dos cereais forrageiros, os que são usados para a alimentação animal. Já o trigo panificável, para Portugal, 95% vem da União Europeia, essencialmente de França. Segundo esclareceu, antes de mais, a directora regional de Agricultura e Pescas do Norte, sendo a Ucrânia um dos principais exportadores de cevada, de milho, de girassol e de outras oleaginosas e a Rússia um grande produtor de fertilizantes e macro nutrientes, “é óbvio que esta ruptura de abastecimento vai-nos levar, claramente, ao aumento dos preços dos alimentos”. Obviamente que “tudo isto tem um impacto muito grande” mas calma. Carla Alves, que esclarece, por exemplo, que os 38% de milho que utilizamos para a alimentação animal vêm da Ucrânia, admite que a perda de mercado daquele país causa uma “grande preocupação para o abastecimento da indústria animal” mas no que toca à alimentação humana “estamos mais descansados”. Foquemo-nos no que então preocupa mais... resolver. “Existem aqui possíveis alternativas ao abastecimento e é isso que Portugal está a fazer, tentar novos mercados, como a Amércia do Norte, a América do Sul e o Cánada”, sublinou Carla Alves, que vincou ainda que “tudo isto fez disparar os preços para os agricultores que depois não conseguem reflectir isso naquilo que vendem”, daí haja necessidade de avançar com medidas. Segundo assumiu, essas medidas, muitas já disponíveis e legisladas, passam assim por apoiar quem queira investir, como o caso da abertura de um anúncio, dentro do Plano de Desenvolvimento Rural (PDR), no valor 15 milhões de euros, para pequenos investimentos, até 70%, em explorações agrícolas em territórios vulneravéis. Refira-se que 95% do território abrangido pela Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes é vulnerável. Outra das medidas que já está em vigor é o apoio na instalação de paineis fotovoltaicos. Mas no que toca ao PDR, ainda não ficamos por aqui. Carla Alves esclareceu que há também um aviso para apoiar o aumento da capacidade de armazenamento para a indústria de moagem e de rações. Há um outro apoio, que já está também legislado, que diz respeito à electricidade. Os custos de energia das explorações agrícolas e agro- -indústrias, até 50 hectares, vão ser apoiados em 20%. As que têm mais que 50 hectares serão apoiadas em 10%. Para terminar, Carla Alves, que lembrou que também houve um desconto no IVA do combustível, disse ainda que se vai antecipar o pagamento do Pedido Único (PU) aos agricultores, os chamados subsídios, que são pagos em Outubro e se tentará que o sejam em Maio.