Grifos devolvidos à liberdade

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Qua, 06/04/2005 - 11:45


O miradouro do Penedo Durão, situado na área de Freixo de Espada à Cinta do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), foi o palco escolhido para devolver a liberdade a três Grifos recuperados no Centro de Recepção, Acolhimento e Tratamento de Animais Selvagens, da Universidade de Trás-os-montes e Alto Douro (UTAD).

A iniciativa, levada a cabo a 24 de Março, partiu do Núcleo de Estudos e Protecção do Ambiente (NEPA), uma das secções da Associação Académica da UTAD, que, para além de devolver as aves ao seu habitat natural, deu a conhecer aos alunos das escolas de Freixo de Espada à Cinta a importância destas espécies no reino animal.
Os animais foram encontrados com debilidades físicas na zona da Régua e Lamego, depois da população local ter alertado a GNR para a sua recolha. Posteriormente foram envidadas para uma área protegida.
Estes animais selvagens iniciam a sua migração em Setembro, rumo a África onde permanecem durante o Inverno. Durante a viagem algumas destas aves perdem o rumo, principalmente os mais jovens, e acabam por sofrer acidentes de percurso.

Aves tratadas no
hospital da UTAD

Segundo o médico veterinário, Roberto Sargo, antes de serem devolvidos à natureza “os Grifos estiveram cerca de três semanas em cativeiro, mas a sua recuperação acabou por ser bem sucedida, até porque estas aves, quando estão enclausuradas, ganham peso rapidamente”.
Entretanto, a área do PNDI é em todo o País, o local onde se encontra o maior grupo destas aves necrófagas, ao todo são cerca de 200 os casais de Grifos que nidificam anualmente nesta zona.
Na óptica do biólogo do PNDI, António Monteiro, a população residente na área do parque já conhece as aves e sabe que são protegidas por lei, por isso quando são encontradas em estado débil ou feridos alertam as entidades competentes, como é o caso do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) para efectuarem a sua recolha.
“O maior problema é quando estas aves se desviam muito da sua rota e vão parar a grandes cidades, locais onde as pessoas ainda desconhecem a sua importância no ecossistema”, frisou o biólogo.
A recuperação destes animais na região trasmontana é feita no hospital veterinário da UTAD, que disponibiliza as suas instalações, gratuitamente, para se fazer a recuperação das aves. Só no ano passado deram entrada na secção de veterinária 110 animais selvagens, uma situação que tem vindo a crescer.
A população de Grifos que habita no PNDI encontra-se estável, mas pode considerar-se uma espécie rara já que só existe na zona raiana.