Ter, 10/12/2024 - 10:21
As conservatórias do distrito de Bragança têm menos 40 trabalhadores do que aquilo que deveriam ter. Entre as 13 conservatórias há oito conservadores mas deveriam ser 15. Já no que toca a oficiais de registos há 52 mas deveriam ser, segundo o mapa pessoal deste ano, divulgado pelo Ministério da Justiça, 85. Faltam sete conservadores e 33 oficiais. No que toca a conservadores, nas duas conservatórias de Bragança, a do Registo Civil e a do Registo Predial e Comercial, e nas de Carrazeda de Ansiães, Miranda do Douro, Mogadouro e Torre de Moncorvo deveria existir um conservador e é o que, de facto, acontece. As restantes, mais de metade, não cumprem. Ou seja, em Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Freixo de Espada à Cinta, Vimioso e Vinhais também deveria trabalhar um conservador mas não trabalha absolutamente nenhum. Há ainda a questão de que em Mirandela e em Vila Flor deveriam ser dois mas, tanto numa como noutra, trabalha apenas um. No que toca a oficiais de registos o cenário é ainda pior: faltam em todo o lado, à excepção de Mogadouro, que tem os quatro que está previsto ter. Em Bragança, no Registo Civil deveriam ser 11 e são cinco; no Registo Predial e Comercial deveriam ser também 11 mas são apenas seis. Só na capital de distrito faltam 11 trabalhadores. Ainda quanto aos oficiais, em Macedo, Vinhais e Alfândega da Fé há menos um trabalhador do que o que devia acontecer. Em Macedo deviam ser sete e nos outros dois concelhos deviam ser cinco. Em Carrazeda de Ansiães (deviam ser seis), Vila Flor (deviam ser cinco), Vimioso (deviam ser quatro) e Freixo (também deviam ser quatro) faltam dois trabalhadores. Em Miranda (deviam ser cinco) e Torre de Moncorvo (deviam ser seis) são menos três e em Mirandela, onde deviam trabalhar 12 pessoas, trabalham sete. A única conservatória do distrito que cumpre o que está previsto é a de Mogadouro, que tem um conservador e quatro oficiais. Estes dados foram revelados pelo Ministério da Justiça, depois de solicitados pela Comissão Política de Bragança do Bloco de Esquerda. O partido questionou o Governo sobre a situação no distrito depois de ter vindo a público que a Conservatória do Registo Civil, Predial, Comercial e Automóvel de Mirandela tinha estado três meses, entre Julho e Outubro, sem passar qualquer registo de óbito, pela falta de recursos humanos. “Há municípios que só estão a trabalhar com dois funcionários. Se um adoece como é que funciona a conservatória?”, questionou Marco Mendonça, da comissão de Bragança do bloco, reportando-se a Freixo e Vimioso, onde não há nenhum conservador e laboram apenas dois oficiais. “Faltam, na totalidade, 40 trabalhadores às conservatórias do distrito”, rematou. Afirmando ainda que as estruturas “estão a trabalhar, acima de tudo, com o esforço dos trabalhadores”, Marco Mendonça referiu que o bloco está “muito solidário” para com estas pessoas que estão a “aguentar” as conservatórias do distrito. “Já há relatos de que estão exaustos e consideramos que é fundamental encontrarem-se medidas que garantam, à população, o acesso a este serviço e o recrutamento de mais trabalhadores. A situação é insustentável”, frisou ainda. Além de a profissão não ser atractiva, já que “os salários não têm aumentado”, havendo, por isso, necessidade de “progressão na carreira”, para o BE existe outra questão: em 20 anos não abriu qualquer concurso. “O último concurso aberto foi em 2003 e só em 2023 é que se abriu procedimento para novo concurso. Seguiu os tramites legais todos, mas ainda não está concluído”, esclareceu Marco Mendonça. Refira-se ainda que, além dos números que o Ministério da Justiça facultou ao BE, esclareceu ainda que teve conhecimento da situação que aconteceu em Mirandela, naqueles três meses, e, por isso, pediu esclarecimentos ao Instituto dos Registos e do Notariado, que lhe transmitiu que a notícia veiculada, de que não se teriam passado registos de óbito por falta de pessoal, não correspondia à verdade. Ou seja, a conservatória em causa “não deixou de disponibilizar atendimento para efeitos de registo de óbito e de realizar os respectivos registos”. O ministério acrescentou ainda que a falta de trabalhadores em algumas conservatórias do país “decorre da inexistência de concursos de ingresso para novos trabalhadores nas carreiras especiais de conservador de registos por um período superior a 20 anos” e ainda da “aposentação de trabalhadores”, além das “normais ausências ao serviço”, motivadas por doença, “considerando a elevada idade médias dos trabalhadores”.