Estudantes do IPB com dificuldades em arrendar quarto

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Ter, 12/10/2021 - 11:41


Numa altura em que foram apenas conhecidos os resultados da primeira fase de acesso ao ensino superior, nas cidades de Bragança e Mirandela, onde estão escolas do IPB, já não há casas para arrendar

Henrique Rodrigues entrou agora para o primeiro ano da licenciatura no Instituto Politécnico de Bragança e ainda nem sequer encontrou um quarto, está na Pousada da Juventude em Bragança. “Não está a ser fácil arranjar casa. Eu ainda estou à procura de quarto, percebe-se que há muita procura e pouca oferta. Informaram-me que há dois ou três anos que isto está um pouco mais complicado”, contou. Também Vanessa Marques, caloira do curso de Dietética e Nutrição, sentiu dificuldades em arranjar um quarto. “Não foi fácil. Primeiro as residências onde planeava ficar estavam todas cheias e depois encontrar casa foi um achado”, disse. Por outro lado, há quem já tivesse conhecidos na cidade de Bragança, o que foi uma mais-valia para encontrar quarto. Foi o caso do caloiro João Alves. “Foi muito fácil encontrar casa, porque fui para casa de amigos”. Segundo Eugénia Batista, da imobiliária “Último Pilar”, em Bragança, há pouca oferta para muita procura. Só no més de Agosto arrendaram a maioria dos apartamentos que tinham e os restantes no mês de Setembro. “É óbvio que precisávamos de mais imóveis, porque temos uma procura muito grande. Neste momento, ao nível do arrendamento, não temos nada disponível”, afirmou. O valor das rendas também tem subido nos últimos dois anos. Actualmente em Bragança, o valor de um quarto ronda os 140 ou 150 euros. Já os imóveis, alguns rondam os 600 euros. “Noto imenso nestes últimos dois anos que os proprietários acham que as rendas que estavam a receber eram baratas e pedem-nos constantemente para subir as rendas. A verdade é que mesmo subindo as rendas, os imóveis continuam a arrendar-se”, referiu Eugénia Batista. Já em Mirandela, o valor de um quarto pode ir dos 120 aos 150 euros, quando há cerca de cinco anos, não era superior a 110 euros. Também na cidade do Tua não há apartamentos suficientes para a procura que existe. Para Alfredo Germano, da imobiliária “Casas Comigo”, em Mirandela, os investimentos para arrendamento são lentos e há muitas casas abandonadas que podiam ser aproveitadas, mas as pessoas não querem investir. “As pessoas têm casa devolutas que não querem arrendar, têm medo de investir num imóvel que seja arrendado e têm medo que seja destruído. Podia haver mais oferta e preços mais equilibrados se também houvesse mais pessoas com vontade de investir no mercado de arrendamento, porque há muita casa velha, muita casa abandonada, muita casa devoluta que podia estar a ser rentabilizada”, referiu. Nesta fase também já não tem apartamentos para arrendar aos estudantes, mas prevê angariar mais quatro ou cinco nos próximos tempos. O ano passado foi anunciado que seria criada uma residência para estudantes, em Bragança. Contactado o presidente do IPB, Orlando Rodrigues, esclareceu que aguardam a abertura de um aviso do Plano de Recuperação e Resiliência, que apoiará a construção de alojamento. Avançou ainda que caso consigam o financiamento, a residência estará pronta dentro de dois anos. Os resultados da segunda fase de acesso ao ensino superior são conhecidos a 14 de Outubro e já não há casas para os novos alunos.

1200 caloiros do IPB recebidos com actividades de integração

Depois de um ano lectivo em que as universidades e politécnicos foram obrigadas a adaptarem-se a uma nova realidade, parece que finalmente tudo começa a voltar à normalidade. A começar pelas praxes, que acolhiam os novos alunos. No Instituto Politécnico de Bragança, devido à pandemia, o ano passado os caloiros não tiveram a possibilidade de participar na praxe, mas este ano é diferente. Ainda que com todos os cuidados e com algumas restrições, a Associação Académica do IPB, em consonância com as associações de estudantes de cada escola do politécnico, decidiu organizar “actividades de integração”. “Estas actividades estão inseridas num projecto que desenvolvemos este ano, de parceria com entidades, desde a PSP, os Bombeiros, Câmara Municipal e o Centro de Respostas Integradas de Bragança, alusivo ao consumo de álcool e drogas”, referiu o presidente da Associação Académica, acrescentando que o principal objectivo é que os alunos “tenham contacto directo com as entidades” para quando surgir um problema seja muito mais fácil resolvê-lo. Ao todo, há cerca de 1200 caloiros a participar nas actividades que estão a ser um sucesso. E, por isso, Tiago Correia quer que este projecto possa ser melhorado e se mantenha nos próximos anos. Na semana passada, os novos alunos puderam ser “Caloiros por um ano, bombeiros por um dia”, já que visitaram a Associação Humanitária dos Bombeiros de Bragança e aprenderam técnicas de “suporte básico de vida, colocação das vítimas em posição lateral de segurança, técnicas de imobilização e trauma, de combate a incêndios e de desencarceramento”. “Com isto ao mesmo tempo temos uma componente sensibilizadora/informativa com vista à aplicação de técnicas de estabilização de vítimas até à chegada dos bombeiros e também para perceberem algumas dificuldades dos bombeiros, como utilizar uma ferramenta de desencarceramento”, explicou o Adjunto do Comando da corporação. Paulo Ferro considera que “é importante informar os mais novos, ensiná-los, explicar-lhes porque se faz assim, com vista a perceberem melhor como devem fazer e que pequenos gestos podem salvar vidas”. Os caloiros também parecem concordar que desta forma a integração é mais fácil. A prova disso é Vanessa Marques, de 18 anos, que entrou no curso Dietética e Nutrição, mas era em Enfermagem que gostaria de estar. “A adaptação está a ser difícil porque não é o curso que eu quero, que é enfermagem, depois porque é longe de casa e o facto de vir para aqui sozinha. Mas já fiz colegas, fui muito bem recebida”, contou. Já Tatiana Silva entrou no curso que queria, mas não na universidade. Contrariamente a Vanessa Marques mostrou-se feliz por ter ficado no IPB. Está em Ciências Biomédicas Laboratoriais e também quis logo participar nas actividades de integração, até por considera que “universidade não é universidade sem fazer praxe”. “Foi a minha opção o curso, mas universidade não, porque me ficava mais perto ir para o Porto. Mas não me arrependo de ter vindo para aqui, acho que até foi melhor, porque eu acho que aqui as pessoas são muito simpáticas, é muito fácil a integração, é tudo muito bom e a cidade é linda”, disse. Mais perto, de Valpaços, distrito de Vila Real, veio Valentina Ervões. Tem 19 anos e entrou para o curso Farmácia. “Até agora estou a gostar, acho as pessoas bastante simpáticas. Acho que estas actividades são boas para nos integrarmos e conhecermos também algumas partes de Bragança”, referiu, acrescentando que sempre quis estudar no IPB até porque foi recomendada por alguns amigos. Mas não foram só os mais novos que participaram nas actividades de integração. Henrique Rodrigues tem 37 anos, frequenta o primeiro ano de Dietética e Nutrição e quis participar na praxe. As actividades de integração vão decorrer até ao final do mês de Outubro.

Jornalista: 
Ângela Pais