Escola de Música diocesana recebeu primeiros alunos

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Ter, 12/10/2021 - 11:36


Já arrancaram as aulas da mais recente escola de música da região, criada no Santuário Diocesano de Nossa Senhora da Assunção de Vilas Boas, em Vila Flor

O local de culto tem o maior órgão da diocese, adquirido o ano passado, e é à volta do instrumento que os alunos vão desenvolver a aprendizagem. As aulas tiveram início este fim-de-semana e para já a escola conta com cinco alunos dos 5 aos 70 anos, mas devem ser abertas, novamente, em breve, inscrições. Um dos mais importantes santuários marianos transmontanos recebe a formação que é teórica e prática. A Escola de Música Nossa Senhora da Assunção “oferece não só formação a organistas paroquiais que pretendam melhorar o acompanhamento de cânticos e hinos, mas também a curiosos de todas as idades que queiram iniciar o seu percurso neste instrumento”, explica o padre Delfim Gomes, reitor do Santuário. “A escola está aberta para qualquer pessoa com vontade de aprender e desfrutar da música”, acrescenta o sacerdote. Sílvia Ramos, de Vila Flor, decidiu inscrever-se na escola aos 70 anos porque gosta “muito de música, de cantar”, desde sempre. Está a aprender de raiz e na primeira aula admitia que “está a ser um pouco difícil, em certas coisas”, mas diz que aprender a tocar um instrumento nesta idade “é óptimo”. “Já que não aprendi noutra idade”, faz isso agora, afirma. Admite que não tem ambições de vir a dar concertos, mas espera conseguir aprender a tocar. “Se não for mais, para mim, para eu tocar”, afirmou. Alexandre Trigo também não quis perder a oportunidade de frequentar esta escola. “Sei algumas coisas, mas já foi há muito tempo e já está um pouco esquecido, há mais de 30 anos que não estudo música. Vim por curiosidade e querer saber mais, o saber não ocupa lugar”, destaca. O aluno está à frente do grupo coral de Vila Flor e está interessado em “aprender mais sobre cultura musical, formação e harmonia”. Alexandre lamenta a baixa adesão a este género de iniciativas. “Estas iniciativas são de louvar, são para apoiar e para as pessoas aderirem. E então nestes meios, em que quase nunca chega nada, para ter uma formação destas temos de estar inscritos num conservatório, isto é uma maravilha termos aqui à porta, por uma moda quantia, quase um valor simbólico”, afirmou. Samuel Monteiro, natural de Lisboa e a estudar em Aveiro, é o professor de música. “Desde que vim para aqui, como organista titular do instrumento do santuário, decidi começar este projecto porque acho que era benéfico para a zona e para o santuário. Sentimos que é uma necessidade geral, estamos a falar musicalmente das dioceses. Há uma escola diocesana em Lisboa e outra no Porto, mas são estas pequenas aldeias e zonas mais isoladas que também precisam e merecem ter mais atenção, podendo este ser um centro e pode-se partir para cada uma das paróquias aplicando-se o que se aprende aqui”, afirmou. O professor afirma que o objectivo principal “é sobretudo criar organistas para as paróquias, claro que há pessoas que podem vir para aqui aprender só órgão, mas essa é uma necessidade que se sente”, sublinha. Ter alunos de diferentes idades e com experiências “é um desafio, porque tenho de captar o interesse de umas pessoas e de outras e gostei da própria entre-ajuda dos alunos”. Nesta fase inicial, a Escola de Música propõe quatro cursos, dois de organista litúrgico - nível I e II, um curso livre de instrumento e um curso livre de teoria. A formação completa pode demorar até 6 anos. As aulas em regime presencial terão lugar aos sábados e domingos. As disciplinas teóricas contarão com uma sessão online de acompanhamento no fim de semana em que não decorrem as aulas presenciais. No último trimestre de 2020, o Santuário adquiriu um órgão de tubos, datado de 1964, à Comunidade Evangélica de Neunkirchen, na Alemanha, tendo o concerto inaugural decorrido no passado mês de Maio, com a interpretação da soprano Rosana Orsini e do organista Marco Brescia.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro