Enfarte continua a ser a principal causa de morte em Portugal e o distrito continua com apenas um cardiologista

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Qua, 06/10/2021 - 10:52


O distrito de Bragança tem apenas um cardiologista afecto ao Serviço Nacional de Saúde

Para quem vive nestas terras, é uma informação difícil de digerir, sobretudo se se pensar que o enfarte agudo do miocárdio é a principal causa de morte em Portugal e até mesmo em quase todo o mundo. Segundo dados de 2020, todos os anos morrem em Portugal cerca de 33 mil pessoas devido a doenças cardiovasculares, um terço do total de óbitos. Só o enfarte agudo do miocárdio mata, em média, 12 pessoas por dia. A propósito do Dia Mundial do Coração e perante este cenário, na passada quarta- -feira, a 29 de Setembro, o brigantino Fernando Andrade, médico, contactado pelo Jornal Nordeste, falou do panorama transmontano, dizendo que faltam “meios humanos e equipamentos”, mas “temos que nos valer do que temos”. “Bragança deveria reivindicar outro tipo de condições. Estamos longe de tudo e temos que, muitas vezes, fazer deslocar as pessoas. Enquanto não temos um bom serviço temos que apostar na prevenção”. E é sobretudo este alerta que o médico deixa: “é preciso prevenir”. “O enfarte está associado a comportamentos e a estilos de vida”, começou por explicar, deixando assente que, se assim é, há, obviamente, a possibilidade de adoptar condutas que ajudam a que isto não aconteça. O médico, especialista em medicina geral e familiar, acrescentou ainda que 80% das pessoas que sofrem um enfarte e têm abaixo de 45 anos são fumadoras. “O Dia Mundial do Coração é sempre uma oportunidade para alertar as pessoas para os riscos que derivam de comportamentos que são anómalos, nomeadamente o hábito de fumar, não fazer exercício físico e excessos alimentares”, referiu ainda, não deixando de lembrar que há doenças que podem também suscitar um enfarte, nomeadamente diabetes, tensões altas e gordura no sangue. Refira-se que, no que toca ao colesterol, mais de 63% dos portugueses, entre os 25 e os 74 anos, apresentam níveis elevados, o que significa que podem estar em risco iminente de sofrer um enfarte ou um acidente vascular cerebral (AVC). O miocárdio é o músculo do coração responsável por estimular a distribuição do sangue pelo corpo. Para que funcione correctamente, necessita do sangue que as artérias coronárias lhe fornecem. Portanto, o enfarte agudo do miocárdio dá-se quando ocorre o bloqueio do fluxo de sangue numa dessas artérias e, por isso, acontece a destruição de parte do músculo. “A dor no peito é o principal sintoma. O coração normalmente começa a apertar e a dor demora a passar, habitualmente cerca de 20-30 minutos. Este sintoma é, muitas vezes, acompanhado de suores e mal-estar, sensação de vómito e até desmaio. Perante estes sinais, as pessoas devem pedir ajuda imediata”, esclareceu. O enfarte agudo do miocárdio não é mortal, “há muita gente que sobrevive”. A assistência médica imediata é, muitas vezes, determinante.

Jornalista: 
Carina Alves