Defesa insiste que seja passado a pente fino o local onde ocorreram as alegadas agressões a Giovani

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Ter, 15/06/2021 - 13:00


Retomou, na quarta-feira da semana passada, depois de dois meses parado, o julgamento dos sete homens acusados da morte de Luís Giovani Rodrigues, o jovem cabo-verdiano que, em 2019, foi estudar para o Instituto Politécnico de Bragança.

A sessão serviu para ouvir quatro testemunhas. Uma delas foi um jovem que inicialmente esteve envolvido no processo, tendo sido detido em Janeiro do ano passado, juntamente com outros quatro homens, mas, na fase de instrução, acabou por ser ilibado dos factos. Confirmou ter presenciado o confronto inicial, ainda dentro do bar onde surgiram os desentendimentos entre as partes. Já depois, disse não ter participado na contenda e afirma ter visto um pau, que não lhe pareceu fabricado, e que seria um dos arguidos, Bruno Fará, que o teria ido buscar ao carro. Foi ainda ouvida uma testemunha que ali terá passado e que afirma ter visto uma cena de pancadaria, naquela madrugada do dia 21 de Dezembro de 2019. Esta primeira sessão serviu ainda para ouvir os dois bombeiros que prestaram socorro à vítima. Ambos disseram ter recebido o alerta para uma intoxicação etílica e que, à sua chegada, Giovani estava caído no chão, inconsciente e com vestígios de vómito. Disseram ainda que no local, além de dois agentes da PSP, só estavam dois jovens, que seriam colegas da vítima, mas que não a terão conseguido identificar. Também afirmaram que os jovens falavam português. A bombeira que assistiu o jovem garantiu ainda que ninguém acompanhou a vítima na ambulância. Esta tese contradiz o testemunho dos três amigos que acompanhavam Giovani, que dizem que estariam os três no local e que um deles acompanhou o jovem inconsciente. Também há divergências com a tese dos agentes da PSP, que já disseram que os jovens não falavam português e que não perceberam que tinham sido espancados. Os bombeiros mencionaram ter visto de imediato o hematoma na cabeça de Giovani e que os colegas referiram terem estado envolvidos numa rixa. No retomar do julgamento, a defesa dos arguidos voltou a insistir na visita às ruas onde a contenda se terá desenrolado. Recorde-se que já foi feito um requerimento para que se volte ao local dos factos, averiguando alguns pormenores. Américo Pereira, advogado de um arguido, explicou que o objectivo é saber, em concreto, a distância das duas ruas, assim como a distância que separa o fundo das escadas da AutoCarta do local onde a vítima foi encontrada. Além disso, a defesa também está interessada em perceber que condições de visibilidade ali há. Dado que é uma rua mal iluminada, querem compreender a percepção que algumas pessoas dizem ter dos factos, que “pode não ser a mais correcta”. Resta agora que o requerimento seja diferido. Ontem, segunda-feira, o dia serviu para ouvir outras quatro testemunhas. O DJ do bar onde se iniciaram os confrontos afirmou ter visto um desacato, não tendo percebido como começou. Esclareceu que, de facto, um dos jovens cabo-verdianos foi levado para a cabine de som e que aí permaneceu algum tempo, evitando que o desentendimento continuasse. Também foi ouvida a rapariga com quem o desentendimento terá começado. Esta afirmou que um rapaz cabo-verdiano lhe terá pedido para dançar, mas que o empurrou. O namorado desta acabou por se envolver também em empurrões com o jovem. Além disso, foi ainda escutado um agente da PSP, que terá estado no fundo das escadas da AutoCarta, após a polícia ter sido chamada, mas explicou apenas ter visto um dos arguidos com sangue na mão e algumas pessoas que supôs não estarem envolvidas no mesmo assunto. Uma outra rapariga, chamada a depor, confirmou ter estado no bar e ter presenciado os primeiros confrontos entre os dois grupos. A próxima sessão acontece dia 16.

Jornalista: 
Carina Alves