Comerciantes de Bragança queixam-se de vendas “fraquinhas” a poucos dias do Natal

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Ter, 14/12/2021 - 10:11


O Natal está à porta, mas nem por isso os comerciantes locais em Bragança sentem que os brigantinos estão com vontade de fazer compras

Cenário contrário ao do ano passado, visto que mesmo com as restrições pandémicas, havia mais movimento nas ruas, segundo os empresários. Cristina Afonso tem uma loja de roupa na Avenida Sá Carneiro, a artéria principal da cidade, e disse que as vendas têm sido poucas. “Ainda não se vê muita afluência no comércio. Há muito pouca gente, nesta altura já devia haver mais compras, mas não, a nossa cidade está muito pobre”, referiu, salientando que as pessoas se “retraem” e “olham muito aos preços”. A crise económica provocada pela situação epidemiológica parece também estar a ter impacto. “As pessoas têm medo do dia de amanhã, têm medo que as coisas se compliquem e não gastam tanto. Vão às peças mais baratas, se a peça está um bocadinho mais cara querem um desconto, estão sempre a falar nisso”, contou. A pandemia obrigou as pessoas a fazer compras online, uma ameaça para os pequenos negócios. “Desde que veio a pandemia as pessoas compram mais online do que compravam antigamente, isso veio prejudicar muito o pequeno comércio. Neste momento não vendemos na internet, mas vai ser uma opção daqui para a frente para termos mais vendas”, frisou Cristina Afonso. Nos anos anteriores, os feriados em Dezembro, dia 1 e 8, eram sinónimo de movimento, mas este ano as ruas estiveram praticamente vazias. Sandrina Santos foi outra das comerciantes a queixar-se. Tem uma loja de perfumes e cosmética e abriu as portas nos feriados, mas de pouco lhe valeu. “O ano passado, no Natal já estávamos em plena pandemia, mas eu via que as pessoas compravam com antecedência e havia mais movimento. Este ano estou a ver as pessoas com mais receio. Não há movimento, mesmo nas ruas. Nos feriados estivemos abertos e o ano passado via-se mais gente na rua do que este ano”, referiu. Para já, apesar de ainda serem poucas as compras de Natal, a empresária disse que “cada vez mais as pessoas procuram produtos naturais e os perfumes”, ainda que os clientes optem por produtos com “preços mais acessíveis”. A semana antes do Natal ou até mesmo os dois dias antes da quadra festiva são mesmo os mais activos para os negócios. Muitas pessoas acabam por comprar os presentes à última da hora e, por isso, os comerciantes querem acreditar que o cenário vai mudar nos próximos dias. Pelo menos é o que espera Ilda João, proprietária de uma das ourivesarias mais antigas de Bragança, aberta há 57 anos. As compras têm sido “muito fraquinhas”. Se antes as pessoas “recebiam [no início do mês] e começavam a fazer compras”, agora diz que é na última semana que “costuma haver mais gente”. Para além das poucas vendas, ainda há clientes que se queixam dos preços. “Os clientes dizem que as coisas estão caras. Vêem uma coisa de ouro e dizem ‘Ai tão caro. Posso ver uma de prata?’. Ainda esta sexta-feira um senhor esteve a ver um fiozinho de ouro, que era caro e depois levou um fio de prata”, contou. Com 71 anos, continua a gerir o negócio, mas com a quebra das vendas, agravada pela pandemia, pondera fechar a ourivesaria. “Enquanto tiver cabeça e capacidade vou aguentando, quando não tiver terei que fechar. Estar a fazer despesas e não ter rendimentos, claro que não dá”, afirmou. Os produtos em promoções são os mais procurados. Com a “Black Friday”, dias de promoções no final do mês de Novembro, Margarida Silva, gerente de uma sapataria, admitiu que a procura aumentou. Nos feriados, contrariamente aos restantes comerciantes, também disse ter tido bastante movimento. No entanto, considera que é na semana antes do Natal que as vendas disparam. “Nota- -se que há mais gente, que há mais procura para oferecer. Nota-se que há uma diferença, mas não muito significativa”, referiu. A compra de brinquedos é que parece não ter sofrido impacto. Pelo menos não foi sentido numa das lojas que vende brinquedos na cidade. A proprietária, Dalila Luso, contou que as pessoas estão a fazer compras “antecipadamente” e que o negócio está “equilibrado” em relação aos anos anteriores. “O cliente habitual já veio fazer as compras”, destacou, explicando que a falta de brinquedos talvez tenha levado as pessoas a fazer as compras com alguma antecedência. “Eu tenho esta ideia de continuar o brinquedo tradicional, aquele que sempre houve toda a vida e primo pela diferença e se calhar é por isso que os meus clientes continuam a vir cá”, afirmou. A 10 dias do Natal, o comércio local em Bragança aguarda por melhores dias.

Jornalista: 
Ângela Pais