Ter, 09/05/2023 - 12:20
Não se sabe ao certo quando pessoas morreram, mas mais de 400 foram sepultadas. O castelo foi destruído e só resta o que nos dias de hoje ainda se vê. O professor de História, Hermínio Bernardo, fala de um momento “dramático”, de “perda” e de “destruição” e que foram precisos “200 anos” para que Miranda do Douro se restabelecesse. “Mil e quinhentas de arrobas de pólvora a rebentar numa cidade destas, sem dúvida que criou aqui um tempo de atraso, de retrocesso, de inglória”, frisou. Com a guerra a acontecer o bispo abandonou Miranda e foi para Bragança, um momento “melindroso para toda a comunidade mirandesa”. Esta foi a primeira vez que a “Guerra do Mirandum” foi recriada em Miranda do Douro, que além das representações, não faltaram as barracas de comércio, com artesanato e com fumeiro, e também as típicas tabernas. Por ali passaram espanhóis, que tendo visitado Miranda, pela gastronomia, ficaram a saber da iniciativa e mostraram-se “encantados” com todo o cenário. Os mais novos também aproveitaram para ficar a saber um pouco mais. Foi o caso de Lea Domingues, que sabia apenas que tinha sido uma guerra entre Portugal e Espanha, que derrubou o castelo. Depois de ter assistido às várias encenações, disse ter ficado a perceber melhor a história e assume que é uma iniciativa “diferente”, que pode trazer mais gente à cidade. Margararida Franqueira também não perdeu a oportunidade de assistir à recriação histórica. Embora seja do Porto, vive em Miranda do Douro e há anos que ouve falar da guerra, mas reconhece que com o teatro é “diferente”. “Tive em contacto com a história ao real”, disse, acrescentando que estes eventos são “maravilhosos” e “fazem falta”. Para Marco Moreno, da companhia de teatro Almanach, responsável pelas recriações teatrais, o estado do castelo permite perceber o quão marcante foi a guerra para o concelho. Assume que é de uma grande responsabilidade encenar um momento tão importante, até porque “Miranda do Douro é um sítio belíssimo, com tradições, identidade e culturas únicas”, que devem ser preservadas por todo o país. A iniciativa partiu da Câmara Municipal de Miranda do Douro que quis mostrar aos mirandeses e aos visitantes o impacto que a “Guerra do Miradum” teve e, de certa forma, honrar aqueles que lutaram e “fizeram com que Miranda até à data fosse uma praça de referência no Norte de Portugal”. Este foi o pretexto para a representação de mais marcos históricos de Miranda do Douro. A presidente da câmara, Helena Barril, promete que para o ano haverá mais. “A riqueza histórica de Miranda também nos vai proporcionar acontecimentos desta natureza para dar a conhecer mesmo aos mirandeses e a estes povos que nos cercam, mas será também uma forma de promover turisticamente Miranda, porque este conceito de feiras é muito acarinhado pelo público, portanto é uma questão de olharmos para os livros de história e verificarmos quais são os factos que queremos lembrar, mas sempre aqui à volta do castelo”, frisou.