Castelo de Miranda palco de recriação da “Guerra do Mirandum”

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Ter, 09/05/2023 - 12:20


Durante sexta-feira, sábado e domingo, Miranda do Douro viajou até 1762, quando o exército franco-espanhol invadiu a cidade e fez da “Guerra do Mirandum” um dos momentos mais marcantes da história deste concelho, mas pelo lado negativo

Não se sabe ao certo quando pessoas morreram, mas mais de 400 foram sepultadas. O castelo foi destruído e só resta o que nos dias de hoje ainda se vê. O professor de História, Hermínio Bernardo, fala de um momento “dramático”, de “perda” e de “destruição” e que foram precisos “200 anos” para que Miranda do Douro se restabelecesse. “Mil e quinhentas de arrobas de pólvora a rebentar numa cidade destas, sem dúvida que criou aqui um tempo de atraso, de retrocesso, de inglória”, frisou. Com a guerra a acontecer o bispo abandonou Miranda e foi para Bragança, um momento “melindroso para toda a comunidade mirandesa”. Esta foi a primeira vez que a “Guerra do Mirandum” foi recriada em Miranda do Douro, que além das representações, não faltaram as barracas de comércio, com artesanato e com fumeiro, e também as típicas tabernas. Por ali passaram espanhóis, que tendo visitado Miranda, pela gastronomia, ficaram a saber da iniciativa e mostraram-se “encantados” com todo o cenário. Os mais novos também aproveitaram para ficar a saber um pouco mais. Foi o caso de Lea Domingues, que sabia apenas que tinha sido uma guerra entre Portugal e Espanha, que derrubou o castelo. Depois de ter assistido às várias encenações, disse ter ficado a perceber melhor a história e assume que é uma iniciativa “diferente”, que pode trazer mais gente à cidade. Margararida Franqueira também não perdeu a oportunidade de assistir à recriação histórica. Embora seja do Porto, vive em Miranda do Douro e há anos que ouve falar da guerra, mas reconhece que com o teatro é “diferente”. “Tive em contacto com a história ao real”, disse, acrescentando que estes eventos são “maravilhosos” e “fazem falta”. Para Marco Moreno, da companhia de teatro Almanach, responsável pelas recriações teatrais, o estado do castelo permite perceber o quão marcante foi a guerra para o concelho. Assume que é de uma grande responsabilidade encenar um momento tão importante, até porque “Miranda do Douro é um sítio belíssimo, com tradições, identidade e culturas únicas”, que devem ser preservadas por todo o país. A iniciativa partiu da Câmara Municipal de Miranda do Douro que quis mostrar aos mirandeses e aos visitantes o impacto que a “Guerra do Miradum” teve e, de certa forma, honrar aqueles que lutaram e “fizeram com que Miranda até à data fosse uma praça de referência no Norte de Portugal”. Este foi o pretexto para a representação de mais marcos históricos de Miranda do Douro. A presidente da câmara, Helena Barril, promete que para o ano haverá mais. “A riqueza histórica de Miranda também nos vai proporcionar acontecimentos desta natureza para dar a conhecer mesmo aos mirandeses e a estes povos que nos cercam, mas será também uma forma de promover turisticamente Miranda, porque este conceito de feiras é muito acarinhado pelo público, portanto é uma questão de olharmos para os livros de história e verificarmos quais são os factos que queremos lembrar, mas sempre aqui à volta do castelo”, frisou. 

Jornalista: 
Ângela Pais