class="html not-front not-logged-in one-sidebar sidebar-second page-node page-node- page-node-189027 node-type-noticia">

            

Calendário alegórico de pintor flamengo exposto em Miranda

Ter, 15/10/2019 - 11:08


12 quadros recentemente atribuídos ao pintor flamengo Pieter Balten estão em exposição no Museu da Terra de Miranda, desde o passado dia 11.

As pequenas pinturas que integram o Calendário da Sé de Miranda do Douro foram uma encomenda do século XVI, feita pelo bispo da altura, Jerónimo de Menezes, e permaneciam na concatedral de Miranda, mas num local pouco visível. Nos últimos anos foram restaurados e estudados o que levou a que fossem atribuídos ao pintor flamengo Pieter Balten. Vítor Serrão, responsável pelo estudo das obras e pela identificação do autor dos quadros, explica que se trata de uma autêntico tesouro, “uma joia do património português, não apenas de Miranda do Douro, mas do país”. Segundo o especialista em história de arte, “Portugal deve ter orgulho de ter aqui um conjunto de pintura flamenga profana tão rica e rara. Revela que havia, em Miranda, um conjunto de bispos com grande cultura, gosto estético muito actual e que houve naquele tempo uma grande pinacoteca formada por pintura flamenga”, com mais de uma centena de peças, “da qual restam apenas 24 quadros”, destacou. Dados que tornam ainda mais relevante este conjunto de peças. “Tendo em conta a qualidade pictórica, muito fina e elegante, como agora fica provado depois do restauro, a raridade do tema e o nível do pintor, provam que esta foi uma encomenda muito cara” à época, acrescenta o director do Instituto de História da Arte da faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Como explica Celina Bárbaro Pinto, directora o Museu da Terra de Miranda, o verdadeiro valor dos quadros era até há pouco tempo desconhecido. “Não se atribuía o valor artístico que ele agora tem”, frisa. Um artigo de António Mourinho, em 2001, já dava conta do valor dos 12 “Retratos dos Meses da Sé de Miranda do Douro”, mas saber que “foram pintados em Antuérpia pela mão de Pieter Balten é que lhe confere o valor artístico” e a “raridade”, visto que deste artista, contemporâneo de Brueghel, o Velho, são conhecidas poucas obras “e 12 estão aqui em Mirada do Douro”.O director Regional de Cultura do Norte, António Ponte, presente na inauguração da exposição, destaca a importância de “voltar a trazer ao público um conjunto de obras que já existia em Miranda e que era observado por muito poucas pessoas”, porque estava na sacristia de concatedral, pouco acessível e sem destaque e agora passa a “constituir uma mais-valia no que é o atractivo de Miaranda, do Museu e da Concatedral”. A exposição, que é o culminar do trabalho de 5 anos de estudo e restauro, vai estar até ao final do mês de Novembro em Miranda, segue depois para Ourense, na Galiza, e no próximo ano vai estar patente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, podendo ir também até à Bélgica.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro