Ter, 11/07/2023 - 10:05
Dados avançados pela presidente da nacional da Cáritas, que esteve, na passada terça-feira, em Bragança. Rita Valadas explicou que o problema, que é transversal a todo o país, está relacionado com a habitação. “Os jovens, mesmo não vivendo em famílias com vulnerabilidade, ao quererem ficar independentes ficam nessa situação, os idosos que deixam de ter condições para permanecer nas suas casas e deixam de ter alternativas e as famílias que deixam de conseguir suportar as rendas”, referiu. O pedido de ajuda para pagamento de medicamentos também era recorrente, mas as pessoas deixam de ver a saúde como uma “prioridade”, tendo em conta as restantes dificuldades que atravessam. “Com tantos problemas que as pessoas têm os medicamentos continuam a ser necessários, mas deixam de ser a prioridade e isso é terrível”, afirmou. A presidente da Cáritas considera que o Governo deveria rever as políticas de apoio, “de forma a ter uma intervenção de retirar as pessoas da pobreza”, e não “de lhes dar um apoio pontual que não resolve o problema das pessoas”. Com a transferência de competências da Acção Social para os municípios, Rita Valadas acredita que será uma mais-valia já que estão mais próximos das populações e conseguem ir “buscar recursos”. Quanto a Bragança, explicou que a situação é idêntica ao resto do país, nomeadamente no que toca à carência de habitação. Ainda assim, realçou a capacidade que a cidade tem para acolher estrangeiros. “Acho exemplar a forma como Bragança respondeu a esta realidade social, porque conseguiu retirar o melhor e dar o melhor que se pode dar. Bragança é uma das melhores respostas que houve aos jovens migrantes”, afirmou, realçando que é “uma janela de esperança” nos tempos que se vivem.
Caso de sucesso em Bragança
Francisco (nome fictício) é um dos casos de “sucesso” da Cáritas Diocesana de Bragança. Veio de um país do terceiro mundo estudar para o Instituto Politécnico, há cerca de quatro anos. Pouco tempo depois veio a pandemia e admitiu que começou a passar por uma situação “um bocadinho delicada”. A integração, inicialmente, foi “difícil”, mas graças ao apoio da Cáritas, conseguiu conhecer outros jovens que estavam numa situação idêntica à sua. “A partir deste grupo trocamos mensagens, por exemplo sobre casas para alugar, sobre empregos, ou mesmo até sobre cobertores ou coisas que já não precisam e partilham com os outros”, contou. Ainda assim, não tem dúvidas de que Bragança é uma cidade acolhedora. “Posso dizer que é uma segunda casa, porque me senti muito bem acolhido, não só pelo facto de ser apoiado pela Cáritas, mas vejo também outras instituições que apoiam e estão sempre ligadas às pessoas que escolhem Bragança como destino”, afirmou. O jovem que está neste momento a trabalhar, já não está a receber apoio da Cáritas. Conseguiu superar as dificuldades e agora é ele quem quer ajudar a instituição. “Quero dar a minha contribuição para que outras pessoas que venham procurar qualquer tipo de apoio possam encontrar como eu fui ajudado”, frisou.