Qua, 06/04/2005 - 11:00
Estas estratégias, com vista ao desenvolvimento económico e social do distrito de Bragança, fazem parte das reflexões levadas a cabo na passada quarta e quinta-feira, em Ourense, durante a apresentação dos Segundos Estudos Estratégicos do Eixo Atlântico.
A cooperação entre as 18 cidades (nove do Norte de Portugal e nove da Galiza) que constituem o Eixo Atlântico visa definir áreas estratégicas, com vista ao desenvolvimento sustentável e à criação de maior coesão territorial, social e económica, para poderem competir com outras cidades da União Europeia.
Na óptica do presidente da CMB, “o Eixo Atlântico funciona como um espaço de partilha de conhecimento, mas também como um campo de lobby político”.
Para impulsionar o desenvolvimento económico, Jorge Nunes alerta o poder central para olhar mais para o interior do País, nomeadamente para as áreas rurais.
“Dentro do Eixo Atlântico reclamamos coesão social e territorial, mas também a construção de infra-estruturas e acessibilidades”, vincou o autarca.
Salientando a situação difícil vivida no Nordeste Transmontano, Jorge Nunes afirmou que, tal como na cidade de Lugo (Espanha) também em Portugal gostaria de “assistir a mapas expressivos da acessibilidade e do desenvolvimento económico”.
Eixo com duas velocidades
Apesar da região da Galiza apresentar índices de desenvolvimento mais avançados em relação ao Norte de Portugal, nomeadamente às cidades do interior, o presidente da CMB acentua a importância de Bragança integrar a Euro-região.
“A partilha de conhecimento é importante sob o ponto de vista estratégico, por isso Bragança integra esta rede de forma positiva, num território que apresenta índices de desenvolvimento díspares”, realçou Jorge Nunes.
O presidente da Câmara Municipal de Chaves, João Batista, realçou, também, que “o interior precisa de mais apoio para se poder desenvolver”.
O autarca acredita que a centralidade de Chaves, no contexto do Eixo Atlântico, é fundamental para esta cidade crescer.
“Com a construção das acessibilidades que ligarão Chaves ao litoral, que vão entrar em funcionamento em 2006, o fluxo de tráfego vindo da Europa vai transformar esta cidade transmontana na primeira entrada no País”, enfatizou o o edil, referindo-se ao IP3.
Segundo o presidente do Eixo Atlântico, Rui Rio, os primeiros estudos estratégicos do desta organização já deram frutos. “Graças a esses estudos o Norte Portugal tem uma rede de comunicações estruturada. Apesar de Bragança ainda se queixar um pouco, a ligação Norte de Portugal-Galiza não tem nada a ver com o que era há 12 anos atrás”, louvou o responsável.
Na óptica de Rui Rio, o desenvolvimento das pequenas e médias cidades, como é o caso de Bragança, com vista à fixação de população é, também, uma prioridade. “ Nada favorece a qualidade de vida do País ter as pessoas concentradas nas grandes cidades, como é o caso de Lisboa e Porto, pois a população em excesso também é um sinal de pobreza”, concluiu o presidente do Eixo Atlântico.
Criar uma política
de “planeamento regional”
No âmbito da abordagem dos problemas territoriais, Jorge Nunes aponta o dedo à “ ausência de uma prática de planeamento regional”.
De acordo com o autarca, “na Galiza existe desenvolvimento regional, porque nesta região têm capacidade de planeamento nesse âmbito”.
Segundo o vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN), Carlos Bernardo, “a diferença entre aquilo que os espanhóis conceptualizam e concretizam e aquilo que os portugueses conceptualizam e, muitas vezes não concretizam, deve-se à falta de ferramentas para o fazer”.
No entanto, o responsável lembra que “a regionalização não é um fim em si próprio, é apenas um meio que não pode ser desculpa para a não acção”.
Para superar as fragilidades no Norte de Portugal, sobretudo nas cidades do interior do País, Jorge Nunes tem esperança nestes segundos estudos estratégicos do Eixo Atlântico. “ Espero que estes estudos apresentados contribuam, não só para que as cidades partilhem de melhor conhecimento estratégico para poderem gerir as suas políticas, mas também para influenciarem as políticas das administrações centrais e do País”, realçou o presidente da CMB.
“Construir redes é fundamental”
De acordo com o ex-ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação, Valente de Oliveira, a constituição de redes entre o Norte de Portugal e a Galiza é crucial para a Euro-Região abordar o mundo exterior.
“Se queremos avançar com esta Associação Transfronteiriça é necessário incentivar as redes entre autarcas, associações empresariais, professores, artistas, entre outras entidades, no sentido de criar relações entre as duas regiões”, frisou o ex-ministro.
Na apresentação das conclusões referentes aos Segundos Estudos Estratégicos do Eixo Atlântico, Bragança foi nomeada a capital das cidades de Trás-os-Montes que constituem a Associação Transfronteiriça.
No entanto, Jorge Nunes desvaloriza este estatuto e salienta que “ a capitalidade tem que ser construída no dia a dia pelos cidadãos, pelas empresas e pelas instituições”.