Ter, 05/03/2024 - 10:47
A Liga dos Bombeiros Portugueses exige ao INEM que actualize a verba que paga mensalmente às corporações que são Postos de Emergência Médica (PEM). O valor ronda os 4890 euros, mas os bombeiros consideram que não é suficiente e que têm muitos prejuízos com a prestação do serviço do INEM. O presidente da liga, António Nunes, adiantou que o INEM tem até 15 de Março para apresentar um documento sobre o financiamento e que se não agradar, voltam a tomar medidas, como o fizeram há cerca de um mês e meio com a suspensão das altas hospitalares. “Não vamos continuar. As nossas associações humanitárias estão num sistema de tal forma de subfinanciamento que não se aguenta”, vincou. O responsável explicou que as ambulâncias do INEM, por mês, os bombeiros têm uma despesa de “12 mil euros”, mais do dobro do que recebem, o que leva à “falência do sistema”. “O INEM não pode transferir para nós a solução de um problema que é dele, se tem insuficiência financeira que resolva o problema com quem de direito, não é connosco”, frisou. António Nunes acrescentou que os bombeiros não podem continuar a ter o mesmo número de ambulâncias que tinham em 2011 e que é necessário aumentar, a qualificação, a gestão e a organização. O actual acordo sobre os valores atribuídos às corporações está em vigor desde Outubro de 2021, na altura assinado pelo anterior presidente da Liga dos Bombeiros. O presidente da Federação distrital de Bragança dos Bombeiros, Diamantino Lopes, considera que a actualização deveria ser para seis mil euros, mensais. “O compromisso que as associações têm é que respondam ao minuto às solicitações de socorro, doenças súbitas, acidentes, é esse o objectivo dos PEM. Para cobrirmos 24h significa termos quatro equipas de dois homens, oito pessoas, com um custo médio, por pessoa, de 1500 euros, mais os custos de funcionamento, implica uma despesa de 12 mil euros por mês”, reiterou.
Izeda, Sendim e Torre de Dona Chama querem ser postos PEM
No distrito de Bragança, das 15 corporações existentes, 12 são Postos de Emergência Médica. As excepções são as Associações Humanitárias de Izeda, em Bragança, Sendim, em Miranda do Douro, e Torre de Dona Chama, em Mirandela, que são apenas Postos de Reserva. Quer isto dizer que, fazem na mesma o serviço do INEM, no entanto, não recebem a verba fixa, de 4890 euros, como as restantes corporação, nem é suportado o custo das viaturas. Nestes casos, é-lhes pago mais pelos quilómetros que fazem. O que para as corporações não faz sentido, até porque dizem ter bastantes prejuízos com a prestação deste serviço. “Se nós precisamos de uma ambulância de emergência, não nos dão montante nenhum, nem nos dão viatura, ou seja, somos nós que temos que adquirir a viatura. Além disso, não recebemos nenhum montante fixo financeiro mensal atribuído. A diferença é que nos pagam na taxa de saída e o no preço por quilómetro ligeiramente mais alto, do que pagam aos Postos PEM, mas é só isso e temos que garantir o mesmo serviço, a mesma rapidez e a mesma prontidão”, reclamou o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Sendim. Ilídio Rodrigues adiantou que os prejuízos, por vezes, chegam a ultrapassar os mil euros por mês e obriga a uma “ginástica” e arranjar alternativas para conseguirem prestar o serviço do INEM, visto que não conseguem ter uma equipa para o efeito, como as corporações PEM. “Socorremo-nos de serviços, voluntários e dos nossos trabalhadores fora dos seus horários normais de trabalho, e compensamo-los por isso, e é uma grande aflição”, explicou, salientando que não têm montante para conseguir contratar uma tripulação exclusivamente afecta ao INEM. Por isso, considera que passarem a posto PEM é uma questão de “justiça” e “equidade”, que deve ser resolvida com urgência. O presidente da Associação Humanitária de Izeda, João Lima, contou que há mais de 30 anos que tentam ser postos PEM e que não conseguem. O que significa que é a associação que tem que “arcar com tudo”, quando é das corporações que mais serviços do INEM faz no distrito. “Nós fazemos mais INEM’s que mais de metade das associações que têm PEM. A não ser Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela, ninguém faz mais do que nós”, afirmou, acrescentando que “a sustentabilidade do INEM é do Governo e não das associações”. “É uma responsabilidade do Governo arcar com esse transporte”, afirmou, vincando que esta situação é “insustentável”. A Liga dos Bombeiros Portugueses está em negociações para conseguir que estas três associações humanitárias consigam passar a Postos de Emergência Médica.