Ter, 12/09/2023 - 10:50
Foi precisamente esse aumento, a acontecer em 2024, que o Ministro da Saúde prometeu, na sexta-feira, em Bragança. Susete Abrunhosa, à margem do II Congresso Ibérico em Cuidados Continuados Integrados, organizado pela Santa Casa da Misericórdia de Bragança, assinalou que, para já, não tem conhecimento “formal” dessa intenção mas vincou que é urgente, dadas as dificuldades que instituições como a que dirige atravessam. “Obviamente que é uma necessidade para todas as unidades de internamento porque os valores que nos são comparticipados, pela Segurança social e pela saúde, são baixos para conseguir fazer face às necessidades dos nossos utentes”, rematou Susete Abrunhosa. Questionada sobre o que seria o aumento ideal, disse não poder “precisar” mas, baseando-se em estudos sobre a questão, vincou que o pagamento da diária nos cuidados continuados de longa duração deveria aproximar-se dos 100 a 110 euros, sendo que agora ronda os 73, e nos cuidados continuados de longa duração “que aumentasse cinco euros, aproximando-se dos 95”. “Acolhemos doentes com patologias que exigem muita medicação e recursos humanos e é extremamente difícil conseguir suportar com os valores que nos são pagos neste momento”, esclareceu a directora técnica da Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Bragança. À margem do II Congresso Ibérico em Cuidados Continuados Integrados, organizado pela Santa Casa da Misericórdia de Bragança, Susete Abrunhosa falou ainda da questão de ali haver utentes, cerca de 35%, que não precisam de cuidados médicos diferenciados mas não há outra alternativa se não ali permanecerem. Diz que o ciclo só se quebra se forem criadas mais respostas, de forma a estas pessoas poderem estar noutras instituições. “É uma situação complicada, um ciclo vicioso. Se não temos respostas na comunidade e se não se consegue promover uma alta em segurança ficamos perante um círculo fechado. As pessoas vão ficando nas unidades e, por sua vez, as pessoas que sofrem situações agudas, AVC’s, fracturas, traumatismos, não conseguem entrar na rede porque as camas da rede estão ocupadas pelas pessoas que permanecem mais tempo e sem necessidade”, explicou Susete Abrunhosa, que diz a situação é condicionada pela falta de ou não capacidade de acolhimento destas pessoas, tanto de Estruturas Residências para Pessoas Idosas, como famílias de acolhimento, como as próprias famílias dos doentes.
II Congresso Ibérico em Cuidados Continuados Integrados
O II Congresso Ibérico em Cuidados Continuados Integrados foi, essencialmente, um “momento de reflexão e de conversa com peritos na área dos cuidados”. A ideia é “ajudar” a promover “melhores práticas, no dia a dia, nas instituições”. E segundo vincou Susete Barbosa, foi destinado a instituições locais e não só. “Houve bastante adesão por parte de outras instituições, nomeadamente o hospital de Vila Verde, o hospital de Braga e de unidades do Minho. No congresso, no sábado, esteve Isabel Galriça Neto, diretora na Unidade Cuidados Continuados e Paliativos do Hospital da Luz, que disse que “esta resposta é insuficiente” em todo o país e que “há muito trabalho a fazer”. “Estamos numa situação difícil e de insuficiência porque não respondemos às necessidades de dezenas de milhares de portugueses, que precisam de cuidados mais de proximidade, com menos tecnicismo, mais dirigidos ao conforto. Isso é preocupante. As respostas de saúde e de apoio social não chegam a mais de 30% dos portugueses que precisariam delas”, esclareceu. Dizendo que a realidade da região “é também de insuficiência”, Isabel Galriça Neto esclareceu que “o panorama é mais complicado nos grandes centros” e que a região de Lisboa e Vale do Tejo é aquela em que “há mais falta”. Isabel Galriça Neto veio falar de cuidados em fim de vida nas instituições. Para isso, considera que basta apostar em dotar as instituições de alguns meios humanos. “A reconversão passa, sobretudo, por ter profissionais preparados. Nessas instituições não podem estar apenas pessoas da área social, tem que profissionais de saúde. Quando se diz que é complicado… complicado não é impossível. Mais custoso e mais complicado é andar com os idosos para trás e para a frente e, muitas vezes, no hospital serem-lhe prestados cuidados que nem precisam. Manter estas pessoas em instituições, através dos tais cuidados de proximidade, dirigidos às suas necessidades, é mais eficiente, tratamos melhor e gastamos menos”, assinalou a oradora. O II Congresso Ibérico em Cuidados Continuados Integrados decorreu no NERBA, em Bragança, entre sexta- -feira e sábado.