Aldeias abandonadas chocam Mogadouro

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Sex, 18/03/2005 - 12:15


Sinalização colocada pela Câmara Municipal não agradou à população e foi retirada

A Câmara Municipal de Mogadouro (CMM) decidiu retirar as placas colocadas na vila que indicavam a direcção das “Aldeias Abandonadas”.
Os dísticos não agradaram a alguns populares e as indicações só permaneceram uma semana nas ruas da localidade, tendo sido retiradas na passada quinta-feira.
A colocação da sinalização resulta de uma candidatura apresentada pela CMM a um projecto financiado pelo programa Leader +, que visa reabilitar e dar mais visibilidade a aldeias desertificadas ou totalmente desabitadas.
Em causa estão aldeias como a Quinta de S. Pedro (freguesia de Meirinhos), Santo André, Roca, Souto (todas pertencentes a Valverde) e Salgueiro (Paradela), que foram alvo de arranjos urbanísticos, melhorias nos acessos, reforço da sinalização e elaboração de brochuras com percursos pedestres.
A indicação de “Aldeias Abandonadas”, contudo, chocou as pessoas com ligações àquelas localidades, pelo que a edilidade decidiu solicitar ao Leader + a alteração do conteúdo das placas para “Aldeias Típicas”.
O coordenador da Associação de Desenvolvimento do Douro Superior, que gere o Leader + naquela área geográfica, reconhece que termo Aldeias Abandonadas “é um pouco forte”, mas garante que o conteúdo da sinalização não é da responsabilidade daquela associação, mas do promotor do projecto, que é a CMM.

Autarquia paga alterações

António Morgado confirmou que a edilidade mogadourense apresentou, em 2002, uma candidatura chamada “Percursos das Aldeias Abandonadas”, que incluía financiamento para diversas placas de sinalização. Segundo o coordenador, o projecto foi aprovado e qualquer alteração aos dísticos terá de ser suportada pela autarquia.
O vereador da CMM, Dário Mendes, explica que as placas com a indicação de “Aldeias Abandonadas” apenas foram colocadas para possibilitar a realização de uma vistoria levada a cabo pelos técnicos do Leader +. “Houve algumas pessoas que ainda têm casa nessas aldeias que não gostaram das placas e mostraram o seu desagrado, pelo que decidimos pedir a alteração aos responsáveis do programa Leader”, revelou o autarca.
De acordo com Dário Mendes, o mais importante do que os nomes são os objectivos do projecto, que vai dinamizar “aldeias onde não vive ninguém, mas que ao fim de semana já são habitadas por pessoas que mantém as suas casas ou as adquiriram para momentos de lazer”.
Acresce que as cinco aldeias em causa estão situadas numa encosta do Sabor, “uma zona muito bonita e com grandes potencialidades turísticas, onde há mais amendoeiras em flor”, salienta o vereador.

Fachadas recuperadas

Para além da candidatura ao Leader +, a CMM viu aprovado um projecto financiado pelo AGRIS para a recuperação de fachadas das casas de Meirinhos, Quinta de S. Pedro, Valverde, Castelo Branco, Quinta das Quebradas, Estevais, Paradela, Salgueiro, Brunhoso, Remondes e Soutelo.
As intervenções já estão a decorrer e segue-se um projecto semelhante para reabilitar as fachadas em diversas da encosta do Douro Internacional. São elas Urrós, Bemposta, Peredo de Bemposta, Algosinho, Ventozelo e Vilarinho dos Galegos. De acordo com Dário Mendes, a freguesia de Bruçó também vai ser alvo de intervenção, mas enquadrada num programa distinto.

João Campos