Água vai

Ao fim de quatro anos começam a surgir os primeiros obstáculos no Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e Tratamento de Trás-os-Montes e Alto Douro.
A essência deste projecto, tal como o termo “multimunicipal” indica, é resolver os problemas da região em matéria de abastecimento de água e tratamento de esgotos.
Logo à partida, três municípios do distrito de Bragança ficaram à margem do processo, casos de Carrazeda de Ansiães, Miranda do Douro e Vimioso. Alguns anos mais tarde, Mogadouro seguiu-lhes o exemplo, adivinhando o aumento dos custos da água e perda de mais-valias para os cofres do município.
À excepção destes concelhos, a adesão ao sistema multimunicipal fazia crer que os municípios iam, finalmente, pensar no problema da água de forma comum, procurando soluções inter-concelhias capazes de garantir o abastecimento de água em quantidade e qualidade. Puro engano. Quando concelhos como os de Bragança e Mirandela começaram a piscar o olho à água da albufeira do Azibo, eis que o município de Macedo de Cavaleiros diz não à transferência de água para a capital de distrito.
Para algumas aldeias do concelho de Mirandela, ainda vá que não vá, mas para Bragança é que as torneiras parecem querer fechar, não vá o nível da água no Azibo ficar tão baixo como o da barragem da Serra Serrada em tempo de seca.
Ora, naquele que tem sido um dos maiores períodos de seca vividos em Trás-os-Montes, a albufeira do Azibo nunca deu sinais de fraqueza e, possivelmente, a água que ali abunda pode dar resposta a outros concelhos mais carenciados.
Agora, se os transvazes de água para Bragança puserem em causa estes níveis, não há outra solução senão procurar alternativas. O projecto da barragem das Veiguinhas tem sofrido duros golpes nos últimos anos, mas há outras propostas em cima da mesa que podem, agora, ganhar novo fôlego. É o caso da barragem de Parada, no concelho de Bragança, projecto que o Ministério da Agricultura tem votado ao esquecimento. Ao contrário das Veiguinhas, a água que vier a ser armazenada em Parada não chegará a Bragança por gravidade, mas à custa de um potente e dispendioso sistema de bombagem. Mas, à falta de melhor…