40 enfermeiros de Bragança continuam a desesperar por ser monetariamente reconhecidos como especialistas

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Ter, 30/07/2024 - 10:21


Profissionais de enfermagem da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) protestaram esta segunda-feira, em frente ao Hospital de Bragança

Vários enfermeiros reuniram-se, esta segunda-feira, em frente ao Hospital de Bragança, como forma de protesto. Em causa está a falta de reconhecimento aos profissionais que não transitam na carreira, desde 2019, apesar de serem detentores do título de enfermeiros especialistas. Na Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) são 40 os profissionais que exercem nas respectivas categorias sem receberem o devido reconhecimento. É o caso de Laura Aragão, especialista em enfermagem comunitária, que esteve presente para mostrar a sua “revolta” porque não considera esta situação “correcta”. Esta questão tem motivado vários protestos. Em Março decorreu o primeiro deste ano. Segundo Alfredo Gomes, dirigente nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugue- ses (SEP), apesar de a ULSNE não ser a maior instituição do país é talvez a que conta com “maior volume de enfermeiros que têm o título de especialista e que até hoje não integraram a carreira”. Por isso, manifestaram com o intuito de “relembrar” o Ministério da Saúde para que “olhe para estas situações específicas”, uma vez que grande parte destes profissionais exerce na especialidade sem obter o reconhecimento. “Estes enfermeiros, para já não estão na tabela salarial de enfermeiro especialista, estão na de enfermeiro e depois mensalmente, no ordenado base, são menos 150 euros que recebem. Isto, para quem faz turnos, noites e fins-de-semana, representa 200 euros que entram a menos na conta de cada um”, explicou Alfredo Gomes. Apesar das várias manifestações e tentativas de negociação, o Ministério da Saúde e o sindicato ainda não chegaram a acordo. Conforme Elisabete Barreira, também dirigente nacional do SEP, os enfermeiros não são ouvidos porque “o ministério sabe que os enfermeiros nunca vão virar as costas a qualquer problema”. “Se não virámos as costas numa altura de pandemia, em condições degradantes, extremamente difíceis, tenho a certeza que o ministério sabe, e toda a gente sabe, que os enfermeiros vão lá estar. Conseguem tentar manter-nos calados porque sabem que vamos estar aqui sempre, efectivamente, a trabalhar em prol da população”, rematou. Os dirigentes do SEP afirmam que as reivindicações estendem-se ainda à falta de enfermeiros na ULSNE, que se traduz pelo enceramento de algumas especialidades, à precariedade dos contratos, que causa instabilidade no sector, mas também à igualdade de direitos e incentivos para os enfermeiros da especialidade psiquiátrica. Estas manifestações vão decorrer ao longo de todo o mês de Agosto, em Bragança e no resto do país.

Jornalista: 
Cindy Tomé