Ter, 17/10/2023 - 09:20
Nos nove concelhos da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM TTM), que abrange Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Miranda do Douro, Vinhais, Vimioso, Mogadouro, Alfândega da Fé e Vila Flor, segundo dados do Turismo do Porto e Norte de Portugal, houve um aumento das dormidas, em 2022, com destaque para o concelho de Bragança.
No ano passado foram registadas 257 165 mil dormidas, no total, nos nove concelhos. Bragança foi o que mais dormidas concentrou, 41,5% do total. Atrás de Bragança ficou Mirandela, depois Miranda do Douro, a seguir Macedo de Cavaleiros, depois Mogadouro, Vinhais, Alfândega da Fé, Vila Flor e Vimioso.
Destas dormidas, falando novamente em termos gerais, 21,4% são de estrangeiros.
A CIM-TTM aumentou o número de dormidas, em 2022, em 43,2%, comparativamente ao ano de 2021, ano que em que contaram 179 644.
Refira-se que o turismo volta a respirar de alívio porque, olhando para os números, 2020, tal como 2021, também foi pouco simpático, com 142 272 dormidas.
Estes dois anos de pandemia deixaram os empresários do distrito, ligados ao ramo, com bastantes dores de cabeça, mas, olhando para 2019, em que ainda não se falava de covid-19, as dormidas situaram-se nos 248 441. Por isso, olhando para as 257 165 de 2022, o distrito mais do que voltou aos números de antigamente. Está a superá-los.
Quanto ainda a 2022, os nove concelhos lucraram, com as dormidas, 11,4 milhões de euros. A CIM-TTM aumentou 59,6%, nesta matéria de proveitos totais, comparativamente a 2021, ano que se fixou nos 7 176 milhões de euros.
Do universo de proveitos totais, refira-se ainda que o concelho de Bragança arrecadou 41,06% do total.
Se 2022 foi bom, comparando com os tempos anteriores à pandemia, 2023 deverá ser melhor ainda. É pelo menos isso mesmo que as estimativas apontam.
O Turismo do Porto e Norte de Portugal não apresentou a este jornal dados sobre o acumulado dos dois trimestres anteriores àquele em que estamos, ou seja, Abril/Maio/Junho e Julho/Agosto/Setembro, mas, segundo o que se observa no primeiro trimestre de 2023, o ano deverá acabar com números mais simpáticos ainda.
Durante Janeiro/Fevereiro/Março a CIM TTM registou um total de 48 779 dormidas. No ano passado, no mesmo período, contaram-se 40 436, ou seja, menos 8343. Já em 2021 registaram-se apenas 13 442. E em 2020, sendo que falamos do seu começo e, por isso, época ainda livre de pandemia, foram 34 806.
Segundo dados ainda do Turismo do Porto e Norte de Portugal, no que toca a Junho/Julho deste ano, registaram-se, na CIM TTM, um total de 54 971 dormidas. Quanto a Agosto e a Setembro, a entidade esclareceu que os dados ainda não estão disponíveis.
“Este ano já é o melhor de sempre”
No hotel São Lázaro, em Bragança, as expectativas foram superadas. Nesta que é a maior unidade hoteleira do distrito, com cerca de 270 quartos, este ano está a ser “o melhor de sempre”.
De acordo com o gerente, Marcel Silveira, este ano está a ultrapassar o ano passado, com um aumento de “53%”, sendo que “o ano passado já foi 20% superior a 2019”, pré-pandemia. “Se falarmos em termos de hóspedes podemos dizer que o ano 2023 teve mais 11 mil dormidas face ao ano passado que já foi o melhor de sempre”, adiantou.
O grande crescimento aconteceu no Verão. “Se falarmos só dos meses de Verão, de Junho a Setembro, estamos a falar desse 53%, só esses quatro meses representam 50% do aumento”, disse.
Marcel Silveira admitiu que “não contava” com este aumento e que foi “uma grande surpresa”. Esperava uma recuperação “muito mais lenta” e, nas “melhores previsões”, acreditava que este ano seria igual a 2022.
Ainda assim, o gerente disse que ainda estão a recuperar dos prejuízos causados pela pandemia. O hotel chegou a estar fechado durante alguns meses, porque não tinha como suportar as despesas, visto que não tinha hóspedes. “O ano passado estávamos a pagar as dívidas da covid. Este ano, a partir de Agosto já começamos a ter alguma recuperação e a continuar, penso que já vamos entrar em ano cruzeiro em 2024 e numa fase de recuperação total”, referiu.
Agora começa a época baixa para a região, entre Novembro e Março. O Natal e o Carnaval, quebram aqui os dias mais cinzentos para o turismo. Para Marcel Silveira é claro, se não houver eventos em Bragança, nestas alturas do ano, não há procura de turismo.
“Ganha-se no Verão para se gastar no Inverno”
Já no Hotel Dom Dinis, em Mirandela, tem 129 quartos e a taxa de ocupação rondou os 60% nos meses de Verão. Segundo o gerente, embora a taxa tenha sido pouco mais de metade, foi um ano idêntico ao do ano passado e ao de 2019, pré pandemia. Rui Patatas explicou que a falta de actividades na cidade dita uma ocupação tão baixa. “Não é só aqui em Mirandela, o Interior está cada vez mais interessado e as pessoas começam a fugir daqui. E não há grandes coisas para fazer. Os clientes dizem-nos que estão aqui um dia ou dois e depois não sabem o que fazer. É calmo, mas é calmo demais. Deveria haver mais eventos. É o que falta aqui à cidade de Mirandela”, frisou.
Rui Patatas está agora preocupado com os próximos meses que se avizinham, uma vez que até Fevereiro “não se passa nada”, com uma taxa de ocupação que pode chegar a apenas aos “30%”. “Ganha-se no Verão para se gastar no Inverno”, frisou.