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Faz sentido o Dia Internacional da Mulher?

Ter, 11/03/2025 - 10:34


A sociedade continua a exigir das mulheres um equilíbrio quase impossível entre a vida profissional e pessoal. Ser uma profissional de excelência, uma mãe presente, uma esposa dedicada, manter uma vida social ativa e, ainda, exibir uma boa aparência são expectativas que pesam sobre os ombros femininos. Mas será justo que tenhamos de ser supermulheres para sermos reconhecidas? Fará sentido celebrar-se o Dia Internacional da Mulher? A reportagem, que faz a manchete desta semana, sobre mulheres que rompem estereótipos, desde bombeiras a taxistas e jornalistas desportivas, mostra-nos que a luta pela igualdade de género ainda está em curso. Embora tenhamos conquistado espaço em áreas antes dominadas pelos homens, é inegável que ainda enfrentamos a necessidade de provar, constantemente, a nossa competência. Muitas vezes, não basta sermos boas, temos de ser excelentes para obter o mesmo reconhecimento. A existência de um dia dedicado à mulher continua a ser de extrema importância. Apesar de algumas vozes se questionem se ele ainda faz sentido, a realidade mostra que sim. Enquanto houver desigualdade salarial, dificuldades no acesso a cargos de liderança, violência de género e preconceitos a combater, será necessário um dia que amplifique essas questões e relembre que a luta pela equidade ainda não acabou. O Dia Internacional da Mulher não é só um momento de celebração, mas de reflexão sobre o que já foi conquistado e, principalmente, sobre o que ainda precisa de ser feito. Não nos esqueçamos que no MUNDO há muitas mulheres a viver sem dignidade humana apenas pelo facto de serem mulheres. Por isso, SIM, é preciso assinalar este dia! Enquanto sociedade, continuamos a perpetuar a ideia de que a mulher deve ser multitarefa. A exigência é que ela equilibre trabalho e vida pessoal sem falhar em nenhuma dessas esferas. Enquanto os homens são frequentemente elogiados apenas por serem bons profissionais, a mulher precisa de ser tudo ao mesmo tempo. E se, por acaso, não conseguir equilibrar todas essas funções, a culpa recai sempre sobre ela. Um ponto essencial que merece reflexão é o papel da educação da próxima geração de homens. São as mulheres, na maioria das famílias, que educam os filhos. Talvez esteja na hora de repensarmos se estamos a formar homens mais independentes ou se continuamos a reforçar padrões antiquados de género. É fundamental que os meninos cresçam a saber que o trabalho doméstico é de todos, que cuidar dos filhos é uma responsabilidade partilhada e, principalmente, que não sejam meninos da “mamã” sempre debaixo das suas saias à espera da “mãe” perfeita para casar. É nossa responsabilidade continuar a quebrar barreiras, mas também é fundamental que a sociedade como um todo reconheça que a igualdade de género não se alcança apenas colocando mulheres em cargos de direção ou em profissões tradicionalmente masculinas. É necessário mudar mentalidades e expectativas, garantindo que todas as pessoas, independentemente do género, tenham direito às mesmas oportunidades e ao mesmo respeito. A mulher não tem de ser super-heroína para ser valorizada. Tem direito a falhar, a descansar e a viver sem pressões. Que possamos continuar a conquistar espaços, mas sem abrir mão da nossa liberdade e do nosso equilíbrio.