Ter, 04/03/2025 - 10:14
A Feira da Alheira começou na passada quinta-feira e terminou no domingo e para os produtores o evento faz diferença no negócio. “Ajuda na divulgação, porque passa na rádio, na televisão e sempre traz muita gente em Mirandela”, disse António Sá, das Alheiras Gracinda. O produtor admite que de ano para ano, devido à divulgação, tem aumentado a quantidade de alheiras que produz.
30 milhões de euros
O setor da alheira gera 760 postos de trabalho e 30 milhões de euros no concelho de Mirandela. É produzida em 12 cozinhas regionais e em sete unidades industriais, mas apenas cinco produzem com classificação IGP (Indicação Geográfica Protegida). De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Mirandela, para que o enchido tenha esta certificação tem de passar por um processo “rigoroso”, que requer “alguns custos”, mas que garante que traz “retorno” para o negócio. Filipe Carvalho considera que seria “muito importante” que mais unidades industriais conseguissem esta denominação, que representaria “uma aposta das empresas no progresso, na evolução, e quanto mais houver, melhor, mais postos de trabalho, mais crescimento”. Também Pedro Caldeira, da Topitéu, é um dos que produz alheiras de Mirandela com IGP. Lamenta que não haja mais produções com esta denominação. “Um concelho destes, que só tem cinco unidades industriais a certificar o produto, parece-me que não seja demais”, referiu, salientando que esta certificação é “uma garantida de qualidade para o consumidor”, mas também ajuda na divulgação do “nome Mirandela”.
Preço injusto
O preço da alheira é estabelecido pelos produtores, que ainda assim consideram não ser justo. O produtor António Sá defende que deveria ser praticado um valor mais alto. “A Alheira de Mirandela merecia um preço melhor. Nós vemos a de Vinhais e a de Lamego mais caras e não chegam ao patamar da de Mirandela”, afirmou. Também Cátia Nunes, das Alheiras Lina, reconhece que o preço “nunca é justo”, porque a matéria-prima está “muito cara”. “Não podemos subir o valor da alheira da mesma forma que sobe o valor da matéria-prima”, esclareceu, dizendo que o valor praticado “dá para sobreviver”. Com a redução do IVA de 23% para 13%, o enchido tornou-se mais barato para os consumidores. Mas nem por isso, Cátia Nunes notou que houvesse mais procura. Ainda assim, reconhece que foi uma boa medida para os produtores. “O produtor estava a ser muito sacrificado com o valor do IVA a 23%. Quando baixou para 13% foi mais do que justo, porque compramos a matéria-prima toda a 6% e vendíamos a alheira a 23%”, explicou.
100 expositores
A 25ª edição da Feira da Alheira contou com 100 expositores espalhados por várias zonas da cidade, começando no Parque do Império, passando pela zona pedonal da Rua da República até ao mercado municipal. Na abertura do evento, alguns comerciantes reclamaram a construção de um pavilhão multiusos, onde poderia acontecer a feira, não estando sujeita ao mau tempo. A infraestrutura é prometida pela presidente do município há alguns anos. Enquanto não há pavilhão, a feira decorre na rua, em barraquinhas. Os produtores de enchido estão concentrados no Parque do Império, mas o certame conta ainda com a venda de outros produtos, nomeadamente artesanato. A presidente da Câmara Municipal de Mirandela, Júlia Rodrigues, garante que a feira tem vindo a crescer. “A feira tem muito impacto, até porque temos muitas atividades associadas, apostamos muito no marketing, na divulgação da nossa feira, e por isso é que tem crescido, ao longo dos anos”, salientou. Segundo a autarca, a alheira faz parte da “identidade” de Mirandela e “todos os restaurantes e alojamentos” beneficiam, não só do concelho, mas de toda a região. A feira contou ainda com um seminário sobre turismo gastronómico, atividades cinegéticas e animação musical, com Romana, na sexta- -feira, e o espetáculo musical “Para sempre Marco”, no sábado.