Ter, 11/02/2025 - 10:43
Esta geração mais nova tem dado continuidade ao legado familiar, apostando na produção de fumeiro com as receitas de outrora, mas com um olhar no futuro, levando o sabor da região a novos públicos. A 45ª Feira do Fumeiro de Vinhais é um reflexo dessa renovação, reunindo produtores que, com orgulho e inovação, perpetuam esta tradição enquanto a apresentam aos visitantes e apreciadores. Foi o caso de Diogo Pires natural de Miranda do Douro, decidiu lançar-se no fumeiro em 2010, “porque a família já fazia fumeiro” e então ele, mais a irmã decidiram lançar-se com a sua própria “cozinha regional”. “Os nossos pais começaram a vir a Vinhais há cerca de três anos, salvo erro, e nós temos vindo com eles também para ajudar, vimos com muito gosto porque Vinhais é um ponto de referência no fumeiro nacional. Nós, desde novos, fomos habituados ao fumeiro e ao modo de o fazer de uma forma tradicional e temos muito gosto nisto. É uma tradição que esperemos que nunca caia em declínio porque acho que é muito importante e é uma tradição de Portugal e em particular da nossa região transmontana”, contou. No que toca às vendas o jovem mirandês admite que é difícil “esgotarem o stock” uma vez que têm uma produção “medianamente grande”. Ainda assim, as vendas correram “muito bem”, sendo a alheira o produto com maior saída. “As alheiras estão praticamente esgotadas, continuamos a ter ainda de tudo, mas as vendas correram bem e estão a correr bem, é isso que nos faz vir até aqui. Sentimos que este ano o produto mais procurado é a alheira e sim, acho que é importante esse galardão que a alheira ganhou contribuiu muito para a fama da alheira e consequentemente para a sua procura”, disse. Na opinião de Diogo Pires, a Feira do Fumeiro de Vinhais atrai, essencialmente, portugueses de várias regiões, como Lisboa, Porto e Braga, além dos transmontanos. Afirmou ainda que, este ano, notou “um aumento na presença de espanhóis”. Para Diogo Pires, o sucesso do fumeiro de Trás-os-Montes deve-se às condições únicas da região, ao uso do porco-bísaro e à preservação das técnicas tradicionais de produção, aliadas à inovação. “O nosso fumeiro é bom porque temos as melhores condições agrícolas e climáticas, e cumprimos a tradição, aplicando novos conhecimentos para melhorar a produção”, afirma Diogo. Ele acredita que o tempo de cura e o processo de defumação são essenciais, e destaca que o fumeiro transmontano “é, sem dúvida, um dos melhores a nível nacional e, quiçá, do mundo” Quando questionado sobre o balanço do fim de semana garante que apesar de ser um fim de semana “cansativo”, foi “espetacular”. “Falamos com muita gente e é uma grande montra para o nosso fumeiro e para as pessoas conhecerem aquilo que tão bem fazemos nesta zona do país. Está a ser muito bom, está a cumprir com as expectativas e até a superá-las”, rematou. À semelhança de Diogo Pires, também Iara Monteiro tem um grande gosto pelo fumeiro, especialmente por dar continuidade à tradição familiar. “Já venho há cerca de cinco anos e gosto muito do que faço. Esta tradição vem da minha mãe, agora da minha sogra, e é algo que eu gosto de manter viva”, revelou com entusiasmo. Para ela, o segredo do fumeiro de Vinhais está na preservação das receitas antigas. “O segredo está na tradição e no saber fazer. Mantemos as receitas antigas, que fazem toda a diferença no sabor”, explicou, destacando a importância de seguir as práticas tradicionais. A produção do fumeiro de Iara é feita com o porco-bísaro, uma raça autêntica da região, criada com produtos da horta. “O porco-bísaro tem um sabor único e é criado de forma natural, o que dá ao fumeiro uma qualida- de incomparável”, afirmou. A produção, segundo Iara, tem sido bem recebida, com o sabor genuíno a atrair muitos clientes. Quando questionada sobre a Feira do Fumeiro, Iara mostrou-se muito satisfeita com os resultados. “Não vínhamos com muita fé, mas acabou por correr muito bem. Vendemos quase tudo, só restam umas alheiras’, disse satisfeita com a procura significativa. Este ano, ela também notou uma presença maior de visitantes vindos de fora da região. “Este ano, notei que vieram mais pessoas de Lisboa, Porto e até alguns espanhóis. A procura tem vindo a crescer”, revelou. Para Iara, o facto do fumeiro de Vinhais ser feito de forma tradicional e autêntica, preservando o legado de geração em geração, é um dos grandes atrativos para quem visita a feira. Outro dos produtores que esteve presente na feira a vender fumeiro foi Francisco Figueiredo, natural de Paradela, que expõe os seus enchidos na feira de Vinhais “há precisamente 10 anos”. Para ele a qualidade da matériaprima é o que torna o fumeiro da região tão especial. “A matéria-prima é de altíssima qualidade e o carinho com que fazemos tudo resulta num produto excelente”, explicou Francisco Figueiredo, que está dedicado a 90% à produção de fumeiro, atividade que começou de raiz há 12 anos. Sobre as vendas, Francisco afirmou que o fim de semana foi excelente, com a feira a crescer a cada dia. “Quinta e sexta-feira são sempre mais calmos, já sábado e domingo são os melhores dias”. Quanto aos visitantes, Francisco Figueiredo afirma que notou uma afluência “grande” de pessoas de todo o país, especialmente do litoral, e alguns espanhóis, mas menos estrangeiros do que em edições anteriores. Entre os 70 produtores de enchidos presentes no certame, dos quais 50 são do concelho de Vinhais, o balanço das vendas revelou-se muito positivo. O presidente da Câmara Municipal, Luís Fernandes, também partilhou a sua satisfação com o evento, destacando o elevado número de visitantes e o sucesso das vendas. “O balanço é extremamente positivo, não só pelo número de pessoas que veio à feira, mas também pelas vendas e pela forma como decorreu a feira. Repare, ainda faltam 4 ou 5 horas para encerrar a feira, e já há muitos locais que estão completamente esgotados. Isso é o melhor sinal. Correu bem, as pes- soas venderam e, portanto, é, cada vez mais, um sucesso maior. Não temos ainda, di- gamos, um balanço completamente correto, sabemos é que foram vendidas várias toneladas de fumeiro, mais do que o ano anterior, e se mais houvesse, mais se ven- dia, com certeza”, afirmou o autarca. A Feira do Fumeiro de Vinhais deste ano começou na passada quinta-feira e ter- minou ontem. Contou com as atuações musicais de Ana Moura, Tony Carreira e Dj Kura.