Feira das Cantarinhas marcada por chuva e frio mas nem mesmo o mau tempo estragou o maior certame de Bragança

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Ter, 07/05/2024 - 10:31


Chuva e mau tempo não deram tréguas no fim-de-semana

Os últimos dias foram de frio e chuva, em Bragança, mas nem isso demoveu os brigantinos, assim como vários turistas e gentes de outros concelhos, de passar pela Feira das Cantarinhas, que decorreu entre sexta- -feira e domingo. Em simultâneo, começando dois dias antes desta, decorreu também a Feira de Artesanato. Ao todo, por várias ruas do centro da cidade, estenderam-se 480 expositores, de vários pontos do país. Só na Praça Camões, que acolhe, anualmente, os artesãos, sobretudo locais, contaram-se perto de 50.

Restauração e hotelaria lucram

A Feira das Cantarinhas é uma verdadeira oportunidade de negócio para vários empresários. São diversos os restaurantes, cafés e pastelarias que vivem dias de azáfama com o certame. A hotelaria também sorri, está claro. Dina Mesquita é proprietária do Baixa Hotel, no centro da cidade. O espaço tem 17 quartos e esteve cheio. “Nesta altura tem bastante procura. Temos até mesmo acordos com alguns feirantes para os dias de feira”, esclareceu, dizendo que “também há muita procura por parte de espanhóis” e até mesmo por parte de turistas nacionais. A Feira das Cantarinhas é, por isso, “um grande momento de negócio” para o hotel. Mas não é só em termos de alojamento que Dina Mesquita aplaude o certame. É ainda proprietária de um restaurante, junto ao espaço onde a feira decorre e diz que esteve “bem composto” por estes dias. “Pode ter havido menos gente na feira mas eu não tenho razão de queixa. Tive várias reservas, por parte de espanhóis, mas não só. Foram duas semanas em que o restaurante esteve praticamente cheio todos os dias, sobretudo à hora de almoço”, explicou Vítor Cordeiro é proprietário de outro restaurante e também está “na boca do lobo”, como o próprio diz, ou seja, junto à feira. Assim, está claro que “o espaço esteve sempre cheio por estes dias”. “Foi óptimo. A feira traz muita gente. As pessoas dizem que há menos gente e feirantes mas nós tivemos a mesma procura que noutros anos”, esclareceu. Leonor Bento também tem um restaurante junto à Praça da Sé. Não teve a mesma sorte que os outros. “Retiraram, este ano, os feirantes, desta rua pedonal, onde o restaurante está, e, por isso, os visitantes não passam muito por aqui e não veem o restaurante. Isto foi mau para nós que não tivemos a mesma clientela que no ano passado”, lamentou.

Expositores notaram menos gente mas estão satisfeitos

Já não é a primeira vez que Camila Coelho Santos, designer de moda, vende os seus artigos, que a própria concebe, na feira. A criadora da Afro Genesis, comparando o certame deste ano com o do passado, não tem dúvidas de que “houve menos gente”, devido ao “mau tempo”, mas admite que “correu bem”. “Há bastante gente, mesmo há noite há gente, é quando há mais”, rematou. Quanto a vendas, “as pessoas estão a comprar”. “Temos vários espaços diferentes e, portanto, há vários tipos de consumidor. Por isso, penso que as pessoas aderiram bem à feira”, vincou, assumindo que este é um bom “momento” para mostrar a marca. Susana Castro, natural de Miranda do Douro, vende produtos feitos de borel. Também não é nova na feira e diz que “houve gente, bastante gente, mas menos que noutros anos”. Ainda assim, “as pessoas não deixam de passar pela feira”, já que é muito “acarinhada” pelos brigantinos. O certame “é bom para vender” e este ano não foi excepção. “Vendeu-se bem. Ainda há muito quem procure estes produtos. Toda a gente fica deslumbrada e aqui já se vê muito turismo espanhol, aquele que costuma estar por Miranda”, frisou. Teresa Ferreira vem de Amarante há mais de 20 anos. Vende bolos e doces típicos daquela região mas desta vez a feira foi um pouco “triste” por se ver menos gente. “É uma feira muito boa, que atrai muita gente. Foi pena, este ano, o tempo estar chuvoso”, lamentou.

Ainda se vendem cantarinhas tradicionais

Maria de Lurdes Barros, natural de Bragança, ainda produz cantarinhas à moda antiga. Amassa o barro, arte que aprendeu há mais de 20 anos, e produziu, este ano, mais de 400 pequenos cântaros para vender na feira. Vão todos! “São mais caras que as outras, as que são produzidas de forma industrial. Cada uma, das mais pequenitas, custa 2,5 euros. Mas estas sim são as tradicionais”, disse a artesã, que assume que muitas pessoas que por ali passaram já tinham comprado as outras cantarinhas mas, “quem aprecia o tradicional”, acabou por comprar na mesma. As cantarinhas, que dão nome ao certame, eram, noutros tempos, compradas para oferecer à amada ou entre amigos. Hoje em dia “ainda se compram para se oferecer a alguém por quem se tem estima”. Oferecê-las é um “gesto de carinho”. Hoje em dia, no concelho, há apenas duas artesãs, contando com Maria de Lurdes Barros, que as fazem.

Feira vai crescer

Jorge Varejão, vice-presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Bragança (ACISB), que organiza a feira, em parceria com a câmara, salientou que, apesar do “mau tempo”, o certame “trouxe enorme dinamismo à cidade”. “Correu bem. O balanço é muito positivo. Os expositores estão muito contentes”, assumiu. E quanto a expositores, nos últimos tempos, tem que se dizer não a alguns que querem participar. Nas ruas onde a feira decorre já não há espaço. Mas isso mesmo pode mudar já no próximo ano e haver mais gente a rumar a Bragança para participar na Feira das Cantarinhas e do Artesanato. “Vamos estudar, com a ACISB e com as outras entidades organizadoras, de que forma podemos estender e aumentar o número de expositores porque são muitos aqueles que querem participar. Vamos estudar a situação e tentar responder positivamente”, explicou a vice-presidente da câmara de Bragança, Fernanda Silva.

Jornalista: 
Carina Alves