Ter, 12/03/2024 - 10:40
A Aliança Democrática, PSD, CDS-PP e PPM, venceu as eleições no distrito de Bragança, com 40% dos votos. Já o PS foi a segunda força política mais votada, 29,64% dos votos. O Chega conseguiu 18,19%. Assim sendo, Hernâni Dias e Nuno Gonçalves, do PSD, e Isabel Ferreira, do PS, vão representar o distrito na Assembleia da República. Quer isto dizer, que o distrito volta a eleger dois deputados laranja, contra um rosa. Nas últimas eleições legislativas, pela primeira vez o PS venceu ao PSD e elegeu dois deputados, no entanto, não conseguiu manter o resultado e o distrito volta a eleger dois deputados do PSD contra um do PS. Já o Chega, por cerca de mil votos, não conseguiu eleger deputado. A surpresa está na ADN, Alternativa Democrática Nacional, que foi a quarta força política mais votada no distrito, porque alegadamente terá havido confusão com a AD, Aliança Democrática.
PSD regressa às vitórias
Hernâni Dias vê o resultado de forma “muito positiva”, com a recuperação do deputado que tinham perdido em 2022. “É sinónimo de que as pessoas reconheceram que o Partido Socialista não fez um bom trabalho e deram-nos uma responsabilidade maior agora de termos dois deputados na Assembleia da República a lutar pelos interesses do nosso distrito”, vincou. O cabeça de lista da Aliança Democrática disse que as pessoas optaram por uma “mudança”, que é “própria” da Democracia, realçando que o projecto “transformador”, “reformista”, “humanista” e “inclusivo” que “luta pelos interesses das pessoas”. “A partir de agora eu e o meu companheiro Nuno Gonçalves estaremos completamente disponíveis para fazer o que fizemos durante a campanha, visitamos o distrito todo, dialogamos, ouvimos e debatemos com milhares de pessoas que encontramos, que nos foram transmitindo essa vontade de mudança”, disse, acrescentando que enquanto autarcas têm já a experiência de estar próximo das pessoas. Se a AD formar Governo, coloca-se em cima da mesa a hipótese de Hernâni Dias assumir um cargo de governante. Se assim for, os deputados do PSD eleitos pelo distrito passam a ser Nuno Gonçalves e Clara Alves. Confrontado com este cenário, Hernâni Dias referiu apenas que quando no dia em que a Assembleia da República for constituída tomará posse “como deputado da nação”. “Não estou com qualquer tipo de intenção de fazer qualquer cenário sobre essa matéria, mas estaremos sempre numa lógica de trabalhar a favor do país”, destacou. Quanto a ADN ter sido a quarta força política, a Aliança Democrática considera que a confusão com as siglas terá levado a que tivesse perdido votos. Uma situação “lamentável”, na opinião de Hernâni Dias. “São votos que seriam, na esmagadora maioria, da Aliança Democrática, o que nos colocaria também numa melhor percentagem a termos de votação”. Hernâni Dias felicitou ainda os outros candidatos pelo “espírito democrático” como encararam a campanha eleitoral.
PS vê derrota como “expectável”
Os transmontanos elegeram Isabel Ferreira, secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, como deputada do Partido Socialista pelo distrito de Bragança. O partido não conseguiu manter o resultado das últimas eleições, por isso, elegeu apenas um deputado. Isabel Ferreira vê este resultado como “expectável”, embora admita que não é o resultado que gostaria. “Um resultado expectável tendo em conta as características do nosso distrito, tendo em conta que nas eleições legislativas há uma forte marca daquele que é o partido e as pessoas votam no partido”, referiu, destacando a “adversidade” ao longo de toda a campanha. Em todo o distrito, apenas no concelho de Freixo de Espada à Cinta o Partido Socialista venceu a Aliança Democrática. No entanto, a futura deputada socialista realçou que a percentagem do PS no distrito está acima da percentagem nacional. Nas últimas eleições, o PS conseguiu mais de 40% dos votos do distrito. Nestas eleições não conseguiu chegar aos 30%. Isabel Ferreira considera que esta derrota também se deve ao crescimento do Chega. “Esta diminuição do PS não foi para a Aliança Democrática, uma parte significativa foi para o Chega”, disse.
Chega mais que duplica votos mas não elege
Em relação às últimas eleições, o Chega mais do que duplicou os votos no distrito. Em 2022, o partido conseguiu 8,55%, ou seja, 5619 votos. Este ano, obteve 18,19%, ou seja, 13 216 votos. Embora o crescimento significativo, José Pires não foi eleito deputado pelo Círculo Eleitoral de Bragança. Não vê estes resultados como morrer na praia, realçando o aumento de pessoas que acreditam cada vez mais no Chega. “Uma grande votação no Chega, mais do que duplicámos a votação e isso é importante, significa que a nossa mensagem passou, que as pessoas acreditam no nosso projecto e, por isso, aderiram. Ficámos perto da eleição, pouco mais de 1500 votos, mas o povo é soberano e nós temos que aceitar os resultados”, frisou. José Pires mostrou-se ainda positivo com futuras eleições e acredita que poderão “ganhar”.
BE desce em termos percentuais
O Bloco de Esquerda diminuiu percentualmente no distrito de Bragança. Embora até tenha tido mais 35 votos do que em 2022, em termos percentuais verificou-se uma diminuição. Nas eleições de 2022, o BE conseguiu 2,09% dos votos, tendo sido a quarta força política. No entanto, nestas eleições, obteve 1,93% dos votos e passou para a quinta força mais votada. Vítor Pimenta, cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Bragança, considera que a esquerda saiu “completamente derrotada” e que no distrito o resultado ficou “muito aquém das expectativas”. “Isto demonstra que as pessoas queriam fazer uma viragem à direita”, disse. Num ano em que se comemora 50 anos do 25 de Abril, o candidato considera que esta é “uma má mensagem” para o sistema político, criticando a comunicação social de ter “intoxicado” a “vida geral das pessoas”, o que fez “inclinar as pessoas”. Reconhece que o país precisa de estabilidade, mas admite que será “difícil”. Vítor Pimenta felicitou ainda os restantes candidatos.
CDU cai mas “não era expectável”
Em Bragança, o PCP-PEV obteve, nestas eleições 1,06% dos votos, ou seja 773. Comparando com as últimas eleições legislativas, perdeu votos no distrito. Em 2022 somou 1,36%, ou seja, 892 votos. Perante a “ligeira perda”, Fátima Bento, cabeça de lista da CDU pelo distrito de Bragança, disse que “o resultado não era o expectável”, tendo em conta a “aceitação” das propostas que apresentaram e o “reconhecimento do trabalho” que têm realizado na região. “Continuaremos a defender os transmontanos como fizemos até aqui, obviamente que com uma força diferente, mas não deixaremos de honrar cada um dos votos depositado na CDU”, rematou Fátima Bento, que disse que “havia muitos indecisos”, daí a força partidária ter perdido votos. “Talvez, no momento de votar, as pessoas depositaram o voto noutro partido. O voto útil, na nossa região, pesa sempre”, vincou, dizendo que é esse mesmo voto útil que “defende os portugueses”. A nível nacional, comparando com 2022, o PCP-PEV também perdeu votos. Desta vez obteve 3,30%, ou seja, 202 505, quando em nas últimas legislativas conseguiu 4,39%, ou seja, 236 645. E ainda no que toca ao distrito, para Fátima Bento, continuar a eleger-se deputados do PSD e PS, “vai continuar a perpetuar os problemas de Bragança”.
IL cresce
A Iniciativa Liberal obteve, nestas eleições, 1,71%, ou seja, 1 245 votos. Há dois anos, teve 1,60%, 1 049 votos. Apesar deste crescimento, a candidata pelo distrito disse estava à espera de “um pouco mais”, acreditando que serão sempre “vítimas” do voto útil, enquanto não for revisto o sistema eleitoral. “Podíamos ter crescido ainda mais, não fosse a questão do voto útil e do distrito ser representado apenas por três deputados”, vincou Teresa Aguiar. Ainda assim, disse terem ficado “muito contentes” com o aumento dos votos e que é o resultado do “esforço” que fizeram durante a campanha, chegando ao maior número de pessoas possível, tendo em conta as limitações de recursos. Teresa Aguiar acredita ainda que a maioria das pessoas que votaram na Iniciativa Liberal são jovens.
PAN com mais votos mas “não foi o esperado”
No distrito, o PAN cresceu. Tal como a nível nacional. Desta vez, em Bragança, conquistou 0,82% dos votos (598). Em 2022 teve 0,60% (397). Octávio Pires, cabeça de lista do PAN por Bragança diz que o resultado “não foi o esperado”. Ou seja, “foi decepcionante” porque se esperava que as causas do partido “fossem ouvidas”, que houvesse mais votos. Para o cabeça de lista, o resultado no distrito, com a eleição de dois deputados pela AD e um pelo PS, não é surpreendente. O que considera que seja uma “surpresa” é a ADN ter sido a quarta força política mais votada em Bragança. “É de perguntar o que se passou. Significa que muitas pessoas se enganaram, mas há outras que votaram, não se enganando, mas votaram com base em quê? Conhecem o programa dos partidos? Não me parece”, rematou Octávio Pires.
LIVRE mais do que triplicou votos
Em Bragança, o Livre também cresceu. O número de votos mais do que triplicou. Em 2022 foram 230 e agora 727, ou seja 1% contra 0, 35% de 2022. Anabela Correia, cabeça de lista do Livre pelo distrito diz que estava “consciente” que não iria ser eleita, mas, pelos resultados, dá para perceber que, aos poucos e poucos, “o povo transmontano esta cada vez mais consciente” e que ainda mais se vai “identificando” com as ideias do Livre. Anabela Correia disse ainda que tinham “ideia de que o número de votos iria aumentar”, devido às causas que defenderam, nomeadamente fazer mais pela língua mirandesa, mas não contavam que o resultado fosse tão “positivo”. Quanto à eleição, AD e PS, no distrito, disse não estranhar. “Não há novidades, mas é injusto para os partidos pequenos. Precisamos de um círculo de compensação”, terminou.
Afluência às urnas aumentou
No distrito de Bragança votaram nestas eleições legislativas 54% dos eleitores inscritos, ou seja, 72 673 pessoas, num total de 134 213. Em relação às últimas eleições, verificou-se um aumento de quase 7%, visto que, em 2022, votaram 47,79% dos eleitores, isto é, 65 742, num total 137 572 inscritos.