A importância dos objetivos

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No último artigo falei-lhe sobre a importância de definirmos um destino para a nossa vida financeira. Na sequência disso, em conversa com algumas pessoas, apercebi-me que alguns consideram como destino (ou meta) conseguirem pagar as suas contas do dia a dia. Esse é o seu destino para a sua gestão financeira. É claro que quando estamos debaixo de situações de stress financeiro, em que o dinheiro não chega para nada, o nosso foco e preocupação principal é conseguir pagar as nossas contas. E é normal que assim seja. O problema é se isso se torna uma situação permanente, em que não existe a convicção e o inconformismo necessários para alterar esse estado de coisas. Eu sei que existem casos complicados, sem dúvida que sim. Mas também há muitas situações de conformismo, apatia, e falta de consciência de que é possível mudar as coisas. Eu vejo isso a toda a hora nas minhas formações e nas minhas ações de coaching, ao reparar que as pessoas ficam surpreendidas quando se apercebem que ao longo dos anos têm alimentado formas de estar e de pensar, que são elas as verdadeiras causas de se encontrarem nas situações em que se encontram. Voltando ao tema da definição de um destino, ou meta, ou objetivo, conforme quiser chamar, para a sua vida financeira. Como o devemos definir? Na linguagem das organizações, um objetivo bem definido deve ser um objetivo SMART. SMART é uma sigla em inglês, em que o “S” é de Specific ou especifico; o “M” de Measurable ou mensurável; o “A” de Achievable ou alcançável; o “R” de Relevant ou relevante; e finalmente o “T” de Time-based ou definido no tempo. Vamos então perceber como seguir este modelo para a definição dos bons objetivos também para as nossas finanças pessoais. Comecemos pelo “Específico”. O que é um objetivo específico? Um objetivo específico é um objetivo que é claro em relação ao que se pretende atingir. Por exemplo, “eu quero ter muito dinheiro” não é um objetivo específico, mas “eu quero ter 500 mil euros” ou “quero ter uma renda fixa de 5000 euros por mês” já o são. Agora o “Mensurável”. Este é um objetivo que se conseguir medir, ou avaliar, relativamente à sua concretização. Habitualmente um objetivo que é específico é também mensurável, mas é bom verificarmos se de facto conseguimos avaliar de forma clara se conseguimos atingir o objetivo a que nos propomos. Mais uma vez, “ter muito dinheiro” não é um objetivo mensurável, pois não é possível saber quando é que se pode considerar que o conseguimos alcançar. A seguir vem o “Alcançável”. É um conceito simples. Os nossos objetivos têm que ser alcançáveis, senão deixam de fazer sentido. Isto quer dizer que devemos ser cautelosos ou pouco ambiciosos? De forma alguma. Mas assim como não faria sentido estabelecer um objetivo para estar em condições de correr a maratona para a próxima semana, começando hoje a treinar, também não faz sentido definirmos objetivos financeiros não alcançáveis. Só iria resultar em frustração e desinteresse. Depois o objetivo deve ser também “Relevante”, ou seja, deve ser importante o suficiente para nos fazer lutar por ele. De preferência deve fazer-nos sonhar com o dia em que o vamos alcançar, deve ter um significado especial para nós. Isso vai ajudar-nos nas alturas mais difíceis ao longo do caminho, e pode ter a certeza que vão existir. E finalmente um objetivo deve ser “Definido no Tempo”, ou seja, ter uma data para concretização. De que vale dizermos que temos como objetivo ter os 500.000 euros que falei atrás, se não tivermos uma data definida para isso acontecer? Deixaria de ser um objetivo para ser somente um desejo. Vimos assim um dos modelos que existe para a definição de objetivos de uma forma correta. Mas eu vou atrever-me a acrescentar mais uma letra à sigla SMART que estive- mos a ver. É mais um “A”, neste caso de “Ambicioso”. Atenção que ambicioso não é o mesmo que irreal ou demagógico. Há muitos que na prática acabam por confundir estes conceitos e definem objetivos impossíveis. Ambicioso, mas possível. Difícil, mas atingível. É assim que deve ser um objetivo. Dou-lhe uma dica: se ao estar a definir e a pensar no objetivo, sentir um arrepio na espinha, provavelmente está a ter um bom nível de ambição. E pronto, era o que tinha para lhe dizer sobre a defini- ção dos seus objetivos financeiros. Assim vai ver para além das metas de curto prazo, e é isso que é preciso para alcançar novas realidades na sua vida financeira.

Luís Lourenço

Your Money Whatcher