Ter, 06/06/2023 - 09:11
A tempestade de granizo da semana passada devastou a produção de maçã no Planalto de Ansiães, deixando os fruticultores da região preocupados com os prejuízos significativos. A Associação dos Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Planalto de Ansiães (AFUVOPA) expressou profunda preocupação com a situação, revelando “que cerca de 60% da área de produção de maçã foi afectada e danificada” pelo evento climático. O técnico Duarte Borges, representante da AFUVOPA e também produtor de maçã, alertou para uma redução drástica nas colheitas deste ano, resultando em mais um ano dramático para os fruticultores. “No ano passado, também associado a um ano seco e a uma tempestade, foi um ano muito complicado. Foi terrível para os fruticultores e este ano vai ser novamente dramático”, disse. Inicialmente, o técnico da AFUVOPA manifestou optimismo em relação à colheita deste ano, devido às boas condições iniciais. “O armazenamento de água estava adequado, a floração prometia bons resultados e as perspectivas eram positivas”. No entanto, a tempestade de granizo que assolou a região na semana passada causou danos severos às plantações, frustrando as expectativas da associação e dos produtores locais. Embora os estragos tenham sido mais significativos nas áreas de produção de maçã, Duarte Borges mencionou que duas freguesias do concelho de Carrazeda de Ansiães, com extensas vinhas, também foram afectadas pela tempestade. “Apesar dos prejuízos causados, os danos na produção de vinho foram relativamente menores em comparação com a produção de maçã. Felizmente, as plantações de oliveiras não foram afectadas e há boas perceptivas para a produção de azeite neste ano”, adiantou Duarte Borges. Para avaliar o impacto da tempestade, os técnicos da Direcção Regional de Agricultura realizaram um levantamento dos prejuízos nas áreas afectadas. “A maioria dos pomares possui seguros de colheitas, embora essa proteção ofereça apenas uma pequena ajuda financeira, incapaz de compensar integralmente os prejuízos dos agricultores”. No entanto, não há perspetivas de apoio governamental para auxiliar os fruticultores afectados. Duarte Borges lamentou a situação, destacando que a produção de maçã teve altos e baixos nos últimos anos. “Enquanto 2021 foi um bom ano, 2022 foi extremamente desafiador para os fruticultores”. Agora, com a quebra drástica na produção deste ano devido à tempestade de granizo, a preocupação é ainda maior. O técnico ressaltou a necessidade de implementar medidas para garantir a sustentabilidade financeira dos fruticultores e “evitar que enfrentem anos consecutivos de perdas”. Sobre os estragos causados pelo mau tempo, nos últimos dias, nos concelhos de Carrazeda de Ansiães, Alijó e Murça, a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, à margem de uma visita a Mirandela, disse que "já foi feito o levantamento" e apesar de não avançar com números, Maria do Céu Antunes, revela que "a maioria das culturas afectadas tem seguros agrícolas", mas diz estarem a ser ponderadas medidas "para os agricultores que sofreram prejuízos mais avultados". Maria do Céu Antunes ainda não avança com prazos para o anúncio do relatório do levantamento dos prejuízos nem das medidas de apoio a adoptar, preferindo aguardar mais uns dias, "até porque o tempo continua bastante instável". O concelho de Carrazeda de Ansiães é um dos maiores produtores de maçã da região agrária de Trás-os- -Montes, onde são produzidas as variedades dos grupos Golden: Red Delicious, Gala, Reineta Parda, Jonagold, Granny Smith, Fuji e Bravo. Segundo dados avançados pela autarquia de Carrazeda de Ansiães, dos 6.916 hectares de área agrícola existentes no concelho, 800 hectares estão a produzir maçã. Carrazeda de Ansiães produz, em ano normal, entre 28 a 30 mil toneladas de maçã; o que o torna no maior produtor de maçã da região de Trás-os-Montes.