Acabaram as eleições legislativas, mas ainda se está à procura de resolver muitos problemas que ficaram em aberto e necessitam de resolução e um deles é a realização de novas eleições para os círculos de fora da Europa.
Mas há muitos outros e algumas eleições a serem feitas no curto prazo. Os resultados inesperados revolucionaram o Parlamento e mesmo até a sociedade civil. Os partidos sofreram na pele, poruma razão ou por outra, as consequências dos seus desmandos. O PS ficou agradecido com a maioria recebida e inesperada, de igual modo que foi inesperado o resultado para todos os outros partidos. O desaparecimentodos Verdes e do CDS e quase do PAN do Parlamento foi, não só inesperado como um grave problema a necessitar de resolução urgente. Também o Chega tem o seu problema que é saber se a sua representação se vai consolidar depois da legislatura prestes a iniciar-se. E o PS? Pois também tem, já que será difícil manter a maioria depois da legislatura que vaicomeçar.
Problemas idênticos vão ter tanto o Pan como o PCP ou mesmo o Livre. Faz parte do ADN dos partidos. Temos assim, um espetro alargado de procura de soluções várias para muitos partidos. Mas não vai ser fácil resolvê-los já que cada um tem vicissitudes diferentes. Mas porquê todos estes problemas? O que motivou toda esta alteração? Penso, como muitos outros analistas, que a explicação está em quem votou e como votou, ou seja, no voto das mulheres e no dos homens. Dirão vocês “claro, quem mais poderia ser?”. Sim, mas é o sei conjunto que conta. Se só tivessem votado mulheres, a esquerda teria mais deputados e o PS teria uma maioria mais largada. Mas se só votassem homens, o PS já não teria maioria absoluta e até o Chega teria mais votos e deputados. Mas também a idade interfere nos resultados. Se votassem só pessoas menores de 35 anos, o PS e o PSD ficariam empatados e haveria uma maioria de direita. Neste caso a Iniciativa Liberal seria a terceira força política. Quer isto dizer que houve uma assimetria de género nas votações de 30 de Janeiro. O voto feminino mais à esquerda que o voto masculino, não tinha chegado ainda a Portugal, mas chegou agora.
Neste momento andam todos à procura de soluções. O CDS já tem candidato que está disposto a reposicionar o partido e levá-lo de novo para o Parlamento de onde nunca deveria ter saído. A palavra de ordem é “União” e tem razão. Só a união faz a força. Nuno Melo já apelou a essa união e muitos dos que abandonaram prematuramente o partido ou se afastaram da anterior liderança, já manifestaram intenção de regressar. Um partido fundador da democracia em Portugal, não pode deixar o seu lugar livre para usurpações alheias. A dispersão dos votos de mulheres e de homens, mais novos e mais velhos, acabou por ditar o resultado. Não agradou a muitos, mas em democracia tem de se saber aceitar o que o povo determina. Hoje foi assim, amanhã será certamente diferente. O caminho é espinhoso, mas terá de ser feito. E para isso é necessário abrir horizontes, criar novas dinâmicas.
Também os sociais-democratas estão em ebulição. Rui Rio não quer culpas e também não quer continuar à frente do partido. Para Rio, as razões do descalabro eleitoral, são essencialmente
quatro: voto útil à esquerda para evitar que o PSD ganhasse as eleições; muita gente dependente de subsídios e muitos funcionários públicos; as promessas em catadupa do PS e finalmente a deturpação e a máquina de propaganda do PS. E balizando o partido entre duas posições para a resolução, acabou por dizer que ou o partido deveria comportar-se como uma máquina eleitoral
ou manter-se com os objetivos partidários que sempre teve não se desvirtuando do seu papel social-democrata inicial. E com isto, disse tudo. Luís Montenegro será o principal candidato à liderança do PSD, segundo parece. Derrotado no confronto com Rui Rio em 2020, Montenegro deverá voltar a ir a jogo e está a reunir apoios em todos os setores do partido. Não terá tarefa fácil.
Outros poderão posicionar-se nesta corrida, mas todos correm o risco de serem as lebres da próxima caçada. A travessia do deserto será enorme para todos.
Quatro anos de abstinência. As soluções não se compram ao virar da esquina. É preciso equacioná-las, elaborá-las e desenvolvê-las. A sua posta em prática será a prova da sua aprovação ou não. De uma forma ou de outra, a procura de soluções é inevitável para todos os partidos, muito embora o percurso seja longo e difícil. Cabe-lhes a eles procurá-las.