Ter, 08/02/2022 - 09:10
No dia dois de Fevereiro festejou-se a apresentação de Jesus no templo, que é conhecido como Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Luz, e Nossa Senhora da Cabeça.
Em algumas localidades tiveram direito a festa religiosa. A tia Albina, conhecida como Bininha, de Carrazedo de Montenegro, Valpaços, contou-nos que é tradicional, na missa da Senhora das Candeias, levarem velas que são benzidas no início da missa, que ficam acesas durante a cerimónia, guardando o resto da vela para ser utilizada em momentos de aflição e trovoadas.
Dia três, festejou-se o São Bráz, que é advogado das doenças da garganta, santo pelo qual tenho muita fé. É festejado em algumas das nossas terras, como em Torre de Dona Chama, onde é tradição benzer a garganta com o cajado de São Bráz. Este ano não foi possível a realização desta bênção devido à pandemia, no entanto, houve a santa missa no domingo.
O tio Leonel, do Couto de Ervededo, Chaves, deixou-nos consternados com a notícia da tragédia que aconteceu na madrugada do dia 1, em Vilarinho da Raia, Chaves. Um incêndio numa casa que vitimou a mãe de 97 anos e a filha de 58. Que em paz descansem as suas almas.
Entra hoje o quarto crescente. Os nossos agricultores estão cada vez mais preocupados com a falta de chuva e as previsões não são nada animadoras, pois prevê-se um Fevereiro seco.
Já houve quem se aventurasse a semear as primeiras batatas, como foi o caso do tio João Santos, da Torre Dona Chama, que já estão na terra desde o 20 de Janeiro.
Agora vamos festejar a vida dos aniversariantes dos últimos dias: Leonor Afonso (100) Palácios (Bragança); Julieta Prada (86) Suçães (Mirandela); Manuel Rodrigues (80) Parada (Bragança); Adelaide Gonçalves (77) Comunhas (Macedo de Cavaleiros); Pedro Venâncio (71) e sua esposa Isalina (67) Vila Chã da Braciosa (Miranda do Douro); Cândida Alves (70) Grijó de Parada (Bragança); Graça Lopes (60) Carvela (Chaves); Ana Rita (32) Bragança; Ana Castanheira (26) Bragança. Muitos parabéns nesta data querida e muitos anos de vida!
Há cada vez mais pessoas a cumprir um século de vida, mas são muito mais as mulheres que homens a chegar lá, como é o caso de Leonor Afonso.
Foi no passado dia dois de Fevereiro, que assinalou os 100 anos. Um dia em que foi rainha em Palácios, sendo actualmente a mais velha da região da Lombada, Bragança. Foi o seu filho, Manuel João, que nos deu a boa nova com imensa alegria, pois nem todos os filhos tem essa honra. Ela que nasceu no dia de Nossa Senhora das Candeias, que aos longo dos anos iluminou a sua vida e a fez chegar ao século de vida.
À conversa com o seu filho mais velho, Manuel João, ficamos a conhecer um pouco da sua história de vida.
“A minha mãe chama-se Leonor da Purificação Afonso, nasceu em Palácios em 1922, sendo zorra, acabou por ser perfilhada muito mais tarde. Nunca foi à escola. A mãe morreu quando tinha mais ou menos 7 ou 8 anos, tendo sido criada com uns tios, que fizeram de pais.
Casou, já tinha 37 anos, teve 3 filhos, eu e mais 2 rapazes. Sendo eu o mais velho, com 62 anos. Os meus pais sempre trabalharam na lavoura, tinham vacas e ovelhas e eu desde garoto sempre os ajudei, andava com as vacas e com as ovelhas.
Depois de se reformarem, fizeram as partilhas, mas continuaram sempre a ajudarem-nos.
A minha mãe foi sempre muito querida pelo povo. É a rainha das anedotas, ainda hoje conta algumas. Foi uma única vez ao médico, nunca tomou um medicamento. Olhe, sabe qual é o medicamento dela quando está mal disposta, é a aguardente. Pede-me sempre para nunca a deixar acabar, mas é só para molhar a boca, ela não bebe.
Ainda é ela que se veste, vai à casa de banho, passa a maior parte do tempo em casa dela, só à noite é que vem para minha casa. Ainda conserva uma boa memória, lembra-se de tudo!
Queríamos fazer-lhe uma grande festa, mas não foi possível com esta pandemia. Mesmo assim, no dia do seu aniversário, teve missa às duas da tarde, em que participou toda a gente da aldeia e no fim houve uns petisquinhos e bolo de aniversário. Foi um dia muito ambicionado por ela, pois já andava há uns dias a falar como ia ser, como íamos fazer. Foi uma tarde bem passada com amigos e alguma família. Eu, como filho mais velho, senti um orgulho muito grande e oxalá ainda possa ter a sua companhia mais algum tempo.”
Parabéns a esta grande lombardesa, a tia Leonor, que nunca se ausentou da sua terra natal, onde foi uma grande lutadora. Que continue sempre com saúde como até aqui. Cá estaremos para lhe cantar os parabéns aos 101.